Minissérie “Amores Roubados” – A burguesia fede

A rede Globo de televisão anunciou com grande estardalhaço a exibição de uma minissérie “Amores Roubados”. A série está em andamento, mas já dá para ver que tentam fazer uma história de suspense com romances proibidos, traições, crimes e assassinatos. O foco como sempre, em todas as produções da televisão, é a vida da burguesia. Que é também o foco das telenovelas.

Nesta minissérie a trama se passa no mundo do agronegócio no Nordeste, nas terras irrigadas pelo rio São Francisco. A emergente burguesia do agronegócio, que vem substituindo o antigo latifúndio, é retratada com um modo de vida com muito luxo, riqueza, vida fútil em um ambiente árido. Dá para perceber que os benefícios da irrigação beneficiaram os capitalistas do agronegócio em detrimento da agricultura familiar. Assim a trama da minissérie aparece como “crítica” da vida dessa burguesia emergente onde sexo, dinheiro e poder caminham juntos.

Mas, faz de uma forma que evidencia um modelo mostrando que o mundo da propriedade privada dos meios de produção é a única vida possível. O sistema capitalista está correto, mas são as pessoas que estragam tudo. Este tipo de visão está no centro das repetidas tramas das telenovelas onde o modo de vida dos ricos está sempre em evidencia. Assim, se tenta criar uma identidade entre esse modo de vida burguesa com os interesses da sociedade.

O problema é que escapa a todo tipo dessas produções televisivas a verdade que o modo de produção capitalista e o “estilo de vida” por ele engendrado não abrem qualquer futuro para a sociedade humana. Os emergentes do agronegócio não fogem à regra. Retratados nesta minissérie, estão preocupados com um poder onde eles podem fazer o que quiserem, pois a lei vai estar sempre do lado deles. Para eles, o povo que se dane.

Essa burguesia alimenta um sistema podre. Não adianta tentar mostrar que com o capitalismo é possível desenvolver o Brasil. O resultado é um aumento de todas as contradições de um sistema em decadência.

A minissérie “Amores roubados” tenta ser crítica, mas no fundo é prisioneira da lógica dominante da mídia televisiva, onde não há lugar para uma produção verdadeiramente independente. Apenas mostra aquilo que dizia a música do Cazuza: “a burguesia fede”.