MANIFESTAÇÃO HISTÓRICA EM CARACAS – 3 MILHÕES NAS RUAS!

“Desde Caracas, nosso camarada Alexandre Mandl, militante da Esquerda Marxista e membro do Conselho de Fábrica da Flaskô (fábrica ocupada pelos trabalhadores no Brasil), envia seu segundo relato sobre o grandioso processo revolucionário que se desenvolve naquele país, na batalha pela vitória de Maduro e aprofundamento da revolução.”

“Desde Caracas, nosso camarada Alexandre Mandl, militante da Esquerda Marxista e membro do Conselho de Fábrica da Flaskô (fábrica ocupada pelos trabalhadores no Brasil), envia seu segundo relato sobre o grandioso processo revolucionário que se desenvolve naquele país, na batalha pela vitória de Maduro e aprofundamento da revolução.”

Hoje, 11 de abril, foi um dia histórico na Venezuela. Primeira concentração e marcha da revolução sem Chávez.

Há 11 anos, a burguesia, junto com o imperialismo, dava um golpe de estado, mas são surpreendidos pelas massas venezuelanas que colocam, na marra, Chávez de volta, no que todos conhecem pelo documentário “La revolución no será televisionada”. Depois desse golpe, o processo avançou, rompendo a sabotagem patronal (retomando da PDVSA e a colocando para funcionar sob controle dos trabalhadores) com o povo venezuelano percebendo seu protagonismo.

Também relembrando que em 04 de fevereiro de 1992, há 21 anos, Chávez liderava um golpe contra a burguesia, organizando um setor dos militares. Preso, pede desculpas e diz, publicamente, que “por ahora, no tomaremos o poder”. 21 anos depois, o que hoje se cantava nas ruas de Caracas é que “ló que fue “por ahora”, se volvió “para sempre””.

Impressionante a garra do povo venezuelano com Chávez, mas também na vontade de defender um processo que tem trazido inúmeros avanços e que há clara percepção de ser um governo contra tudo que foi antes da eleição de Chávez. A reação contra os “yanquis de mierda” é muito forte e justificada. Por isso, a palavra de ordem mais escutada nos últimos 20 anos é “no volverán”.

Hoje a manifestação atingiu seu objetivo de ter 3 milhões de pessoas nas ruas de Caracas. Além da Avenida Bolívar, palco tradicional das concentrações populares, três quadras para cada lado também estavam tomadas pela população. O clima de festa e alegria era recheado por músicas e palavras de ordem. Muitas faixas e cartazes que, resumidamente, diziam “Chavez Vive, La Lucha Sigue!”.

Para as eleições, o objetivo é atingir 10 milhões de votos, e mostrar para a burguesia que diferentemente do que ela imaginava, a morte de Chávez não enfraqueceu o processo revolucionário. É por isso que, desesperado, Capriles se recusou assinar documento da CNE (Justiça Eleitoral), não reconhecendo o resultado que vier das urnas. Tudo para tentar desestabilizar o próximo período, contando, com isso, com os grandes meios de comunicação.

Pelo menos por agora, há grande força do legado chavista, com camisetas dizendo “Soy um chavista maduro. Hacia al socialismo”. Todos dizem que agora a tarefa é derrotar a burguesia, e depois, teremos que aprofundar a revolução, porque Maduro vai sofrer muita pressão para conciliação, seja pela oposição, seja, principalmente, pelos setores da burocracia e dos reformistas. É nesse sentido que alertamos e repudiamos o dito pelo Lula, de que para esse novo momento, sem Chávez, será necessário uma aliança mais ampla. Insistimos que é exatamente isso o que os venezuelanos não podem fazer. E, pelo que vi nas ruas hoje, com um ódio de classe tão não grande, isso não deverá ocorrer, ou, se vier acontecer, será com muitos confrontos, uma verdadeira guerra, com a base da classe trabalhadora e da juventude não tolerando qualquer recuo.

Junto com os camaradas da seção venezuelana da Corrente Marxista Internacional, chamada “Lucha de Clases”, estive presente na marcha, vendendo jornais e distribuindo um excelente boletim, com o resumo da carta aberta divulgada em www.luchadeclases.org.ve , que muita bem define os desafios que estão por vir. Foi com esse objetivo que o Secretário-Geral da Corrente Marxista Internacional, Alan Woods, esteve com Maduro e Adám Chávez, discutindo a situação da crise mundial e os desafios para a classe trabalhadora, particularmente o papel da Venezuela para a luta pelo socialismo em todo o mundo. 

Com a camiseta das Fábricas Ocupadas, distribuí cartilhas da Flaskô e conversei com trabalhadores sobre a necessidade da luta pela estatização sob controle operário. Vi companheiros do MST e bandeiras do Uruguai, Peru, Chile, Equador, Bolívia. O processo venezuelano possui grande significado para a América Latina.

Por tudo isso, o último dia oficial de campanha foi o sinal que o processo revolucionário venezuelano precisava. Mostrar à burguesia que elegeremos Maduro não tolerando qualquer retrocesso, e que somente aprofundando as expropriações, avançaremos na construção do socialismo. A marea roja rojita mostrou que “Chavez vive, La lucha sigue”.