Máfia da merenda escolar em SP, mais um fruto podre do capitalismo

No fim de janeiro de 2015, a Polícia Civil revelou um esquema de corrupção no processo de licitação da merenda escolar na rede estadual de SP. A mídia se esforça para abafar o caso e poupa o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

No fim de janeiro de 2015, a Polícia Civil revelou um esquema de corrupção no processo de licitação da merenda escolar na rede estadual de SP, a partir da Operação Alba Branca. Qualquer negócio com a rede de ensino de SP, a maior do país, envolve muito dinheiro. É sempre bastante disputado pelos capitalistas o fornecimento de merenda, mobiliário, livros didáticos, reformas etc.

A Operação Alba Branca revelou que se formou um cartel em torno do fornecimento de merendas em São Paulo para cerca de 152 dos 645 municípios do estado a partir de três cooperativas de agricultura familiar: Coaf, Coagrosol e Cocer.

O esquema de cartel, além de manter uma política de privilégio a certos grupos empresariais, favorecia a combinação de preços entre os envolvidos e o superfaturamento. Nesse processo, agentes públicos e políticos agiam como facilitadores, recebendo propina por isso. Entre os acusados, estão o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Fernando Capez, e o ex-Chefe da Casa Civil de Alckmin, o “Moita”.

De acordo com o vice-presidente da Coaf, do contrato de 2015 de R$ 7,76 milhões, R$ 1,94 milhões foram revertidos em propina para os facilitadores. Ele ainda revela que superfaturamento dos produtos era relativo à compensação da propina e que a mesma era sempre sobre a base de 25% a 30% do valor do contrato.

Em números gerais, isso significou que, dos R$453 milhões gastos pelo estado com merenda escolar vinda da agricultura familiar, R$208 milhões foram consumidos por estas 152 cidades, favorecendo esse cartel. Possivelmente, seguindo essa lógica, 30% deste valor, ou R$ 62,4 milhões, foram desviados para a máfia da merenda e correspondem ao valor aproximado do superfaturamento. Em suma, enquanto cortam o café da manhã das crianças e jovens nas escolas públicas de SP, dezenas de milhões são desviados pela corrupção.

Esse esquema de corrupção veio à luz em meio a uma reorganização escolar disfarçada implantada pelo governador Geraldo Alckmin. São mais de mil salas de aula fechadas.

Corrupção e Capitalismo

A corrupção no capitalismo não é algo excepcional, que ocorre de tempos em tempos. Não é um fenômeno individual, mas sim socialmente determinado. A corrupção é algo que faz parte desse sistema em seu estágio de decadência.

O judiciário e a polícia não são neutros, são braços do Estado burguês. Quando não é do interesse da classe dominante, os casos de corrupção vão para debaixo do tapete. É o caso da Privataria Tucana, do aeroporto de Aécio, do cartel do metrô em SP etc. No caso da merenda, fazem de tudo para não vincular o escândalo ao governador, Alckmin.

Já quando a corrupção ajuda a desmoralizar o movimento operário e suas organizações, a mídia faz um show e as investigações são levadas a cabo.

O caso do roubo das merendas em SP é mais um motivo para levantarmos a bandeira do Fora Alckmin!  Sabemos que a tarefa dos marxistas não é a de tentar limpar a podridão desse sistema. Lutar contra a corrupção sem lutar contra o capitalismo é o mesmo que cortar alguns galhos esperando derrubar a árvore. Os galhos crescerão novamente.