Livraria Marxista exibe “O Jovem Marx”, humano e coerente com o método dialético

Dispostos no chão e em cadeiras no auditório da Livraria Marxista, cerca de 30 pessoas assistiram o filme “O Jovem Marx” nesta quarta-feira (13/12). O debate contou com uma introdução sobre o contexto histórico do filme pelo professor de história e militante do coletivo Educadores Pelo Socialismo Arthur Martinatti Penna. A iniciativa encerra os eventos públicos organizados neste ano, que proporcionam espaços para debate e reflexão política. No fim deste artigo, você encontra uma lista com obras citadas no filme e indicações de leitura.

Embora apoiado em um personagem colossal, o filme dirigido pelo experiente Raoul Peck teve pouca repercussão no cinema brasileiro. O público interessado precisou apelar para as brechas ainda disponíveis na internet para acessar a obra. No entanto, depois de uma febre de links e distribuição, o longa metragem ficou inacessível para o internauta comum. Para contribuir com sua difusão, a Liberdade e Luta e a Livraria Marxista organizaram juntas a exibição.

Um Marx humano

Durante quase duas horas, os espectadores conheceram um Karl Marx humano, enfrentando desafios cotidianos e domésticos, ao mesmo tempo em que desenvolve embates políticos e teóricos que refletem seu desenvolvimento intelectual. Começa retratando embates de um Marx na casa dos vinte anos contra colegas burgueses com os quais editava o jornal Gazeta Renana.

Raoul nos apresenta uma história atravessada por polêmicas, conflitos, derrotas e superações. A própria trajetória dos personagens remonta à filosofia dialética tão profundamente assimilada por Marx. Retratada com densidade, sua companheira Jenny aparece como uma revolucionária abnegada, que ocupa um papel central na história. Friedrich Engels, sem o qual seria impossível retratar o tema do filme, tem sua contribuição e personalidade explorada de forma tão humana e complexa quanto a de Marx.

Repleto de referências a obras e iniciativas políticas abraçadas por Marx e Engels antes da publicação do Manifesto Comunista, “O Jovem Marx” deixa em evidência o que distinguia os dois revolucionários de todos os teóricos e líderes da época: a busca obsessiva por conhecer a realidade e agir a partir da compreensão de suas leis. Isso se traduzia em submeter tudo que existe à crítica como forma de alcançar o conhecimento.

Dialética entre teoria e luta política

O diretor haitiano demonstra que todos os feitos dos dois são resultado não de um processo inevitável, mas de um esforço consciente e frente às adversidades e desafios da vida, do tempo e da sociedade em que estavam inseridos. A formulação da famosa 11ª tese de Marx sobre Feuerbach, por exemplo, nos é contada por um Marx de ressaca que relata a Engels o que havia concluído depois de muita reflexão: que não bastava interpretar a realidade, mas que o conhecimento da realidade deveria servir ao propósito de transformá-la.

Ao final da exibição, as pessoas ficaram de pé para aplaudir, com uma alegria e entusiasmo preenchendo todo o auditório. O debate tocou em questões como a perspectiva marxista sobre a superação do regime capitalista, assim como na atualidade não somente do método materialista, histórico e dialético, mas também de O Capital. Outro aspecto ressaltado foi a grande variedade de teóricos e revolucionários que desenvolveram em distintos lugares e épocas a teoria formulada por Marx e Engels, destacando-se desde os bolcheviques russos até o peruano José Carlos Mariátegui. A relação dialética e fundamental entre a luta teórica e a luta política também foi colocada em destaque, assinalando como o filme monstra o desenvolvimento dos dois amigos revolucionários, que de parte de um grupo de intelectuais burgueses avançam suas ideias, rompem com suas respectivas classes sociais e por fim ligam-se de forma militante e atuam para armar o nascente movimento do proletariado europeu.

CineMarx em 2018

Esse foi o último cine-debate de 2017. No próximo ano, a iniciativa nomeada de CineMarx ganhará mais edições. Os militantes da Esquerda Marxista, que impulsionam a Livraria Marxista, querem assim proporcionar mais espaços para reflexão e discussão, como promovido nesta quarta-feira. A crise econômica e a crise política vividas no Brasil tornam esse tipo de evento um ponto de atração para centenas de trabalhadores e jovens que querem debater sobre quais as ideias e experiências que os armam para entender a realidade e, assim como o jovem Marx apontou, agir para transformá-la.

Uma das iniciativas adotadas para ampliar a participação nas próximas edições do CineMarx são os grupos no WhatsApp e no Facebook, que se combinarão com a atividade já desenvolvida na página do Facebook da livraria. Um novo site também será lançado neste ano de 2018, com um espaço especial dedicado a promover as edições do CineMarx, além de resenhas dos livros disponíveis na Livraria Marxista.

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