Primeiro Congresso da Internacional Comunista, realizado em março de 1919

III Internacional: surgimento de um partido da revolução mundial

No mês em que celebramos a Revolução de Outubro, destacamos um de seus mais importantes frutos.

Foto: Lênin participa de mesa de debate durante 1o Congresso da 3ª Internacional Comunista, em 2 de março de 1919, em Moscou

Há uma lenda no movimento operário que somente a 4a Internacional foi fundada em condições de derrota do movimento operário. A história da 3a Internacional nos mostra que não foi assim. Ela começa a nascer em uma conferência internacional na Suíça, onde se reúnem delegados em condições difíceis, com uma guerra e repressão generalizadas. A 2a Internacional e os partidos socialistas acabavam de trair a classe operária e aderiram à guerra e ao patriotismo. Somente a minoria dos delegados (os bolcheviques e poucos outros) já se colocam a necessidade de outra internacional. O Manifesto Unitário é votado com a declaração de Vladimir Lênin de que a posição do seu partido é por transformar a guerra em revolução e pela fundação da 3º Internacional, posições sobre as quais o Manifesto passa ao largo.

Dois anos depois, o movimento de massas rompe o quadro existente e a revolução estala no elo mais fraco da cadeia imperialista: Rússia. Ainda assim, vai demorar um ano e meio para que o partido bolchevique consiga convocar um congresso internacional e dar passos em direção a uma nova internacional.

A revolução, a esta altura, já tinha dado passos gigantescos. Mas fora vitoriosa somente em um local, que estava sitiado e sobre fogo cerrado da guerra civil e da invasão de exércitos estrangeiros. Moscou e Petrogrado estavam sitiados e poucos delegados conseguiram chegar. Pouco antes, a revolução alemã tinha sofrido uma derrota e Rosa de Luxemburgo junto com Karl Liebknecht foram assassinados. O seu assassinato privou a Internacional nascente de dois dos mais destacados militantes e dirigentes. A polemica sobre “fundar ou não” a Internacional foi interrompida com sua morte e a fundação foi feita, nas piores condições possíveis.

Mas a situação como um todo era revolucionária e isto se expressou no próximo congresso, um ano depois: a guerra civil estava sendo vencida pelos sovietes, discutia-se se deveria ou não transformar a guerra civil em guerra de conquista revolucionária, a revolução estalava em uma série de países, vários partidos socialistas pediam adesão a 3º Internacional.

A principal discussão do 2º Congresso foram as “18 condições” de admissão, que se tornaram 21 no congresso. O resultado desta discussão foi a separação dos partidos comunistas dos partidos socialistas, mas ainda não havia partidos constituídos com uma sólida direção provada na luta de classes. Para a preparação da discussão, os delegados receberam os livros de Leon Trotsky (Terrorismo e Comunismo – O Anti-Kautsty) e de Lênin (Esquerdismo, doença infantil do comunismo).

Dessa forma, a questão de separação dos partidos foi concluída, em grande parte pelo peso que o partido russo tinha e pela revolução que atraia as massas para a 3a Internacional e forçava a direção dos partidos. Já a questão do esquerdismo exigia muito mais que resoluções formais. A discussão do 3º e 4º congressos foram consumidos com a questão das teses sobre frente única operária e sobre frente única anti-imperialista.

Esta discussão levou a expulsão de antigos dirigentes que tinham posições corretas sobre o tema, mas que romperam o quadro de discussão. A tática da “carta aberta” formulada por Paul Levi, antigo dirigente da Internacional Socialista Alemã e camarada de Rosa de Luxemburgo, foi aprovada. Mas Paul Levi terminou fora dos quadros da 3º Internacional. O sectarismo do jovem partido comunista alemão fez perder a chance de vitória de nova revolução alemã. Se a Internacional como um todo saia fortalecida, se suas resoluções de 1921 e 1922 eram extremamente positivas, a perda de mais um dirigente se faria sentir no próximo período.