Governo de Coalizão: Inimigos do povo assumem ministérios no governo Lula

Só pode ser uma aberração empossar o “executivo” Miguel Jorge para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, afinal, o próprio Lula e seus companheiros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tiveram que enfrentá-lo!

Desde o primeiro mandato, alguns políticos e partidos ligados aos patrões e latifundiários compõem o governo do presidente Lula. Portanto, a proposta de formar um Governo de Coalizão não é nova, mas agora serve de pretexto para aumentar a participação de partidos que são históricos inimigos da classe trabalhadora e do próprio PT, como o PMDB de José Sarney, o PP de Paulo Maluf e o PTB de Roberto Jefferson e Fernando Collor de Melo.

Para o governo, é como se não houvesse interesses de classes sociais diferentes em disputa, portanto, seria plenamente viável a convivência pacífica entre patrões e operários e entre latifundiários e sem-terras. Aliás, os defensores da coalizão acham que ela é necessária para dar sustentação ao PT, pois sem tais alianças, Lula não conseguiria maioria no Congresso Nacional. Mas, na verdade o problema é outro: como governar para os trabalhadores se há patrões e latifundiários no poder?

Só pode ser uma aberração empossar o “executivo” Miguel Jorge para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, afinal, o próprio Lula e seus companheiros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tiveram que enfrentá-lo quando ele era diretor da Volkswagen. É verdade, os tempos mudaram, mas no essencial permanece o mesmo, pois os operários da Volks tiveram que entrar em greve ano passado para brigar contra as demissões. A luta de classes ainda é o motor da história.

Reacionário agora é aliado?

E o que dizer de Reinhold Stephanes, novo ministro da Agricultura? Deputado pelo ARENA (antigo partido da Ditadura Militar), passou pelo PDS, PFL e hoje está no PMDB. Foi ministro do general Geisel, do ex-presidente Collor e também de Fernando Henrique Cardoso. Entre 1995 e 1998, encabeçou as reformas da Previdência de FHC que, entre outras coisas, extinguiu o “tempo de serviço” por “tempo de contribuição”, dificultando ainda mais o acesso à aposentadoria.

A primeira medida dele no governo Lula será a criação de um seguro rural de milhões de reais em benefício dos latifundiários. A Associação da Indústria Canavieira de SP agradece: “mais uma vez reiteramos a confiança plena no presidente da República em relação à escolha de seus auxiliares diretos. Dessa forma, temos a certeza de que o ministro Reinhold Stephanes dará continuidade ao excelente trabalho de seu antecessor, o ex-ministro Roberto Rodrigues”.

Mais direto impossível! Os usineiros, banqueiros e empresários agradecem, mas os trabalhadores não! A cada passo à direita que o governo dá, os trabalhadores irão para a esquerda, abrindo caminho para uma revolução que expulse do poder os capitalistas.

Conheça os ministros burgueses que infectam o governo do PT

A política de coalizão com a burguesia, além de tentar mascarar a realidade da luta de classes, é um desrespeito ao voto das 58 milhões de pessoas que re-elegeram Lula contra Geraldo Alckmin do PSDB. Afinal, se o povo votou no PT, então, por que PMDB, PTB e PP estão no governo? Esses partidos, que sempre apoiaram Collor e FHC, não deveriam mais estar no comando. Porém, a lista de “aliados” é extensa. Conheça os ministros burgueses que infectam o governo Lula:

Saúde – José Gomes Temporão (PMDB). Foi anunciado como um técnico da área por ser médico, mas é apadrinhado político do governador do RJ, Sérgio Cabral.

Integração Nacional – Geddel Vieira Lima (PMDB). Fazendeiro de cacau e pecuarista, foi líder de seu partido no apoio ao segundo mandato de FHC. Prepara a transposição do Rio São Francisco.

Comunicações – Hélio Costa (PMDB). Com ele, as operadoras privadas de telefonia tornaram-se campeãs de reclamações e de lucro. Criticou Chávez porque o presidente venezuelano reforçou a rede pública de rádio e TV no país e comprou parte da golpista CanTV.

Minas e Energia – Silas Rondeau (PMDB). Foi diretor de companhias elétricas, como da privatizada CPFL. Promove leilões de energia e é “flexível” quanto à legislação ambiental das hidrelétricas. É um entrave para a re-estatização da Vale do Rio Doce.

Relações Institucionais – Walfrido dos Mares Guia (PTB). É um tubarão do ensino privado, foi ministro do Turismo no 1o mandato e agora tem a missão de dar coesão à base de apoio do governo. A experiência em corrupção política desse partido ajudará em muito nesse sentido.

Cidades – Márcio Fortes de Almeida (PP). É um rato de gabinete. Transita pelo segundo escalão do Executivo desde o governo Collor. Também já participou de entidades patronais, como CNI.

Transportes – Alfredo Nascimento (PRB). É do mesmo partido do patrão-vice-presidente José Alencar. Na gestão passada, conduziu a desastrosa operação tapa-buracos nas rodovias e apóia as concessionárias da rede federal ferroviária privatizada.

Previdência – ficará a cargo do PDT. Quem assumir poderá atender a pressão imperialista por novas contra-reformas, mas, antes, buscará atrelar as centrais sindicais a um órgão estatal junto com os patrões. Contar com a colaboração da Força Sindical é mais fácil, afinal, o PDT impulsiona essa central pelega. Agora, na base da CUT haverá forte resistência.

Além desses ministérios, não se pode esquecer do ex-deputado tucano e ex-presidente do BankBoston, Henrique Meirelles, que permanece na presidência do Banco Central, com a confiança de Lula e sua “equipe econômica”.

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