Encontro que lançou a Frente Ampla pelas Diretas Já. Foto: Lula Marques/Agência PT

Frente Ampla pelas Diretas Já surge para desviar a luta contra o regime

Em reunião no dia 5 de junho, foi formada a Frente Ampla por Diretas Já, com participação da Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, o PT, PDT e PSOL, a CUT, CTB, UGT e Intersindical, UNE, MST e MTST, além de outras organizações, entidades e movimentos.

Na curta declaração escrevem em determinado trecho: “Só a eleição direta, portanto a soberania popular, é capaz de restabelecer legitimidade ao sistema político”. Aí reside o erro fundamental da luta por “Diretas já” na atual conjuntura. Não é tarefa dos revolucionários ajudar o desmoralizado sistema político a recobrar legitimidade. Ao contrário, incentivamos o desmoronamento das ilusões nas instituições burguesas. Não por acaso uma fração da burguesia, como expressam os editoriais da Folha de SP e as declarações de FHC, adotou a defesa da antecipação das eleições como saída para a crise política.

A tarefa central e prioritária para o movimento de massas e suas organizações é derrubar o governo Temer. Esta é a tarefa que a direção do PT busca impedir que se concretize, arrastando todas as outras organizações que compõe a Frente Ampla por Diretas Já. Desviam o eixo das mobilizações de Frente Única contra o governo para o que seria o caminho político para depois de sua derrubada, ou seja, eleição direta para presidente ou mesmo sua variação que é eleições gerais.

Essa Frente Ampla tem o sentido da Frente Ampla ao estilo do Uruguai proposta por Lula para respaldar sua candidatura em 2018. O objetivo desta Frente Ampla por Diretas, para seus dirigentes, é constituir um bloco “de luta pela democracia” e pela “legitimidade do sistema político” e assim ir para 2018 passando a impressão de que está lutando para derrubar Temer e tornando uma candidatura do PSOL um fato marginal e divisionista da ampla unidade alcançada na suposta “luta contra o governo Temer”.

Soma-se a esse movimento eleitoral a reunião ocorrida em 18 de junho chamada por Guilherme Boulos, do MTST, com participação de petistas, dentre eles Lindbergh Farias e Tarso Genro, e de dirigentes do PSOL, como Ivan Valente e Marcelo Freixo. Essa reunião teria como objetivo a discussão de um “programa mais à esquerda” do que dos governos petistas de Lula e Dilma. Ou seja, trata-se já das articulações para o programa eleitoral desta Frente Ampla, que pode ter Lula como candidato ou mesmo um “plano B” caso a candidatura de Lula seja impedida por uma condenação em 2ª instância.

Os revolucionários marxistas olham além dos limites da democracia burguesa e buscam apontar o caminho necessário para a abolição do regime capitalista, por isso não entramos na onda das demais organizações de esquerda, não compomos esta Frente Ampla e não levantamos a palavra de ordem de Diretas Já.