FMI defende mais apertos

FMI defende mais apertos

Em 1916, o grande dirigente e teórico revolucionário russo, Lênin, sintetizava a atualização de O Capital de Marx com seu ensaio “O Imperialismo: Fase superior do capitalismo”, onde constata a fusão do capital bancário com o capital industrial, dando origem ao capital financeiro, aos grandes monopólios capitalistas e à partilha do mercado mundial entre um punhado de países.

Em 1916, o grande dirigente e teórico revolucionário russo, Lênin, sintetizava a atualização de “O Capital” de Marx com seu ensaio “O Imperialismo: Fase superior do capitalismo”, onde constata a fusão do capital bancário com o capital industrial, dando origem ao capital financeiro, aos grandes monopólios capitalistas e à partilha do mercado mundial entre um punhado de países.

Com este processo concluído nos primeiros anos do século XX, países imperialistas passaram a dominar definitivamente a economia global, restando apenas uma disputa entre eles, que levará às duas guerras mundiais.

Depois da 2ª Guerra Mundial, os EUA saem indubitavelmente como o mais poderoso imperialismo capitalista do mundo e assim permanece até hoje. Com um PIB de mais de 15 trilhões de dólares ao ano (o 2º imperialismo no mundo, Japão, não chega a 6 trilhões e o terceiro, Alemanha, não chega a 4 trilhões), e um arsenal bélico e orçamento militar que são maiores que os de todos os outros países do mundo somados, não há crise que ameace a posição dos EUA.

A China, que embora tenha um PIB superior ao do Japão hoje, está longe de ser um país imperialista, pois o capital financeiro investido em suas empresas é em maior parte de capitalistas dos EUA, Japão e União Europeia. A China não tem nada de “emergente” como costumam dizer os economistas burgueses. É um país de economia dominada. É dependente do capital do Tio Sam (e inclusive investe em títulos do tesouro dos EUA) e, por isso, não enfrentaria, nem daria um passo sequer em desacordo com seu amo. E mesmo que seu PIB ultrapasse o dos EUA um dia, isso não significará que essa riqueza acumulada servirá à burguesia chinesa a ponto de colocar a China a disputar o mercado global com os EUA, ou mesmo com Japão ou Alemanha. Seria o mesmo que pensar que porque o PIB do Brasil ultrapassou o de alguns países imperialistas, agora a burguesia brasileira estaria “emergindo” para um status “avançado” (leia-se: imperialista). Nada disso! Da mesma forma que na China, o capital das grandes empresas instaladas no Brasil é estrangeiro. O que aparece como uma disputa da China com várias potências capitalistas por conta de seu enorme volume de exportação, na verdade é ainda a disputa de conglomerados dos países imperialistas, que mantêm filiais de suas empresas na China, explorando a mão de obra barata garantida pelo governo “ex-comunista”, que busca bloquear a organização e luta dos trabalhadores.

O gigante dos pés de barro começou a desacelerar e já preocupa o FMI. Segundo a economista chefe do organismo, Rupa Duttagupta, “Os mercados emergentes terão de se ajustar a um cenário de menor crescimento da China; (…) Os fatores externos que antes convergiam para estimular o crescimento de países emergentes agora estão atuando em direções divergentes e o cenário é mais desafiador”.

Já a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, disse que “a recuperação da economia mundial ainda é muito lenta para trazer conforto, tem obstáculos à frente e o PIB global vai continuar crescendo abaixo da tendência este ano e em 2015. Ainda há muitos obstáculos para o crescimento.”

Em um estudo divulgado no início de abril pelo FMI, o Brasil é mostrado como um dos “países emergentes” que tem correlação mais alta com a economia chinesa. Um cálculo da entidade mostra que a taxa média de crescimento dos “emergentes” caiu dois pontos percentuais em 2012 comparado aos dois anos anteriores. Desse total, só a China foi responsável por 0,5 ponto, ou seja, um quarto da queda!

Mas o que realmente está levando a isso é a luta de classes. Governos que garantiam uma aparente paz social em países chamados “emergentes”, como Brasil, China, Turquia, etc, desde o ano passado não são mais capazes de fazê-lo. Então aumenta o “risco país”, os investidores fogem. Tudo porque a juventude e a classe trabalhadora começam a se mexer. E onde houver luta, o custo do trabalho tende a aumentar, com greves que impõem reajustes salariais, direitos trabalhistas e outras conquistas.

É por isso que em um relatório macroeconômico divulgado nesta terça-feira (08/04), o FMI avalia que “no Brasil, há a necessidade de dar continuidade às medidas de aperto. Apesar dos aumentos substanciais das taxas de juros, a inflação continua no teto da banda; Intervenções no câmbio devem ser mais seletivas, usadas primordialmente para controlar a volatilidade e evitar condições de mercado desordenadas. A consolidação fiscal ajudaria a conter a pressão da demanda doméstica e os desequilíbrios externos, ao mesmo tempo em que contribuiria para reduzir a proporção relativamente elevada da dívida em relação ao PIB. Os gargalos de oferta precisam ser resolvidos.”

O FMI rebaixou as previsões de crescimento do PIB brasileiro para este ano (1,8%). Já as apostas do mercado, segundo o boletim Focus, do Banco Central brasileiro, são de 1,63%.

“A atividade (econômica) no Brasil continua lenta. A demanda está sendo apoiada pela recente desvalorização do real e pelo aumento da renda e do consumo, que ainda continua. Mas o investimento privado permanece fraco, refletindo parcialmente a baixa confiança dos empresários”, descreveram os técnicos do FMI.

O relatório ainda diz: “Nos últimos meses, o mix brasileiro de políticas anti-inflacionárias tendeu a se voltar para um aperto monetário, mas medidas de ortodoxia fiscal poderiam ajudar a retirar dinheiro de circulação, reduzir o endividamento do país e criar um ambiente econômico mais sustentável”. Ou seja: o FMI recomenda mais austeridade, mais cortes no orçamento, mais superávit, mais ataques aos trabalhadores. E, em ano de eleições, o que Dilma fará?

Com o PT aliado aos partidos do capital como PMDB, PP e outros, não há dúvidas. Só nos resta a organização e a luta! Sigamos os exemplos dos garis do Rio, dos servidores públicos de Santa Catarina e avancemos construindo uma força independente dos trabalhadores! Junte-se a nós!