Ficção ou realidade?

O filme “2012” (de 2009 – Columbia Pictures) traz um retrato do fim do mundo através de erupções solares que causam o aquecimento do núcleo da terra, causando uma série de eventos cataclísmicos. Esta ficção baseia-se nas profecias maias de que o mundo acabaria em 2012.

O filme “2012” (de 2009 – Columbia Pictures) traz um retrato do fim do mundo através de erupções solares que causam o aquecimento do núcleo da terra, causando uma série de eventos cataclísmicos. Esta ficção baseia-se nas profecias maias de que o mundo acabaria em 2012. No enredo, o governo dos EUA e outros países imperialistas já sabiam com antecedência do cataclismo e decidiram construir naves capazes de transportar a elite mundial para um novo planeta onde a humanidade pudesse recomeçar. O detalhe é que de forma covarde a população não é avisada dos eventos e, ao contrário, durante todo o tempo as autoridades tranquilizavam o povo, dizendo que tudo estava sob controle, enquanto políticos, juízes e outras autoridades fugiram do planeta em megas espaçonaves pagas com dinheiro dos que ficaram para morrer.

Claro, isso é a mais pura e sofrível ficção, mas guardadas as proporções fica irresistível não fazer essa comparação com as trapalhadas do governo catarinense durante o incêndio ocorrido há alguns dias em um galpão em São Francisco do Sul. Esperamos que as causas e os culpados pelo incêndio sejam identificados. Caso tenha havido falta de fiscalização e/ou imprudência por parte dos proprietários do galpão, ou qualquer outro incidente, esperamos que haja apuração. Mas, de imediato, o que não dá para ignorar é o amadorismo e a irresponsabilidade do governador do estado, Raimundo Colombo, e de seus burocratas de plantão, os quais, na tentativa de acalmar a população que lotava os hospitais da região, divulgaram nota comunicando que todos deveriam ficar calmos, pois, segundo eles, a fumaça gerada pela queima do nitrato de amônia não era tóxica. Em seguida evadiu-se às pressas da cidade.

Comédia pastelão

Essa nota do governo confrontou diretamente com a denúncia do professor da UFSC, doutor em química, Nito Angelo Debacher, que dizia: “Se tem amônia no gás, com certeza é tóxico. A fumaça estava muito densa. Eu não recomendaria ninguém a respirar aquilo”. Também em entrevista ao portal de notícias G1, o otorrinolaringologista Gladson Porto Barreto disse que a fumaça pode causar insuficiência respiratória. Mas a situação do governo piora quando o Major Losso do Corpo de Bombeiros Militar sai com essa pérola: “A fumaça não é tóxica, mas causa intoxicação se for inalada”. Isso ainda sem contar as centenas de pessoas que procuraram ajuda médica com sintomas de intoxicação e ainda um bombeiro que trabalhou no incêndio que ainda está internado em estado grave. Depois de muita confusão e de ficar clara a disposição da administração estadual em suavizar a gravidade da situação, a Secretaria Estadual de Defesa Civil, foi obrigada a lançar nota reconhecendo a “moderada toxicidade” da fumaça.

Os fins justificam os meios?

Por sorte do governo, os bombeiros controlaram o incêndio em poucos dias. Mas alguns questionamentos tem que ser feitos. E se o incêndio ainda persistisse? O que significa moderada toxicidade? Que preço tem uma vida para o governo catarinense? Enquanto o governador e seus prepostos agiram da forma como entenderam ser menos prejudicial à desgastada imagem do governo, a vida de milhares de pessoas estava em risco. A nuvem de fumaça tóxica não era a única a fazer mal, a nuvem de mentiras da administração estadual também se mostrou bastante prejudicial. Sem paralelo na história, o governo Colombo é digno de comparação com as piores ficções cinematográficas.

Em tempo: O governo estadual também anunciou diversas obras pelo estado afora do programa Pacto por Santa Catarina, como construção de escolas, ampliação de hospitais e outras obras de infraestrutura, assim como anunciou repasses de dinheiro a diversas prefeituras. Até agora muito pouco das obras andaram e o dinheiro anunciado ainda não passou de um cheque sem fundos. Governo fictício e estelionatário.