Entre a fábrica e a Câmara dos Deputados

Em Joinville reuniram-se operários e trabalhadores de 12 paises diferentes. Discutindo experiências diferentes, paises diferentes, um mesmo mundo: a realidade capitalista que fecha fábricas, demite operários, não paga salários e direitos, os governos que as vezes prometem, as vezes reprimem mas, literalmente, nada fazem para resolver os problemas.

Em Joinville os depoimentos de várias delegações mostrando a decepção com o sistema de cooperativas incentivado por governos, pelo banco mundial: Não se consegue comercializar o que se produz, o sistema de trocas se mostra inviável, um grande número de falências, produções não vendidas ou remunerações bem abaixo do salário de mercado.

Na Cipla, a luta pela estatização manteve viva a empresa que agora diminui as horas de trabalho sem redução de salário e abre caminho para a contratação de mais operários.

Um relato emocionante dos mineiros da Bolívia onde na mina de Huanuni os operários empregados da estatal (1.000 mineiros) enfrentaram os operários cooperativados manipulados pelas grandes coorporações (mais de 5.000 mil) que pretendiam tomar o Monte Posokoni, uma enorme jazida de estanho. Ao final dos combates, os operários contratados ganham a maioria dos mineiros para suas posições e hoje a empresa estatal tem 5.000 operários contratados!

Em Brasília, um mundo diferente. As centrais sindicais, CUT e Força Sindical fazem uma manifestação pelo salário mínimo de R$ 420 no ano que vem. O governo propõe que o salário aumente um ou dois pontos percentuais acima do aumento do PIB. Em outras palavras, se no orçamento original se previa um salário de 375 reais, agora se fala em 367 reais. Isso quando o salário mínimo calculado pelo DIEESE, o que a constituição estabelece como necessário para que uma família de 4 pessoas possa comer, vestir, morar, transportar e se divertir (saúde e educação seriam providos pelo estado) chega a 1.600 reais!

As centrais, sentando com o governo, declaram que podem negociar…

E os deputados, que vão votar este aumento, o que dizem? O líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP), declara que vai candidatar-se a Presidência da Câmara e, em entrevista a Folha de São Paulo, explica:

Repórter: O sr. defende o aumento salarial para deputados?
CHINAGLIA – Sou favorável ao reajuste. Primeiro tem que ver a proposta da Mesa [direção da Câmara].

Reporter – E equiparação ao STF?(aumentar o salário dos deputados para 24 mil e quinhentos reais, enquanto o salário mínimo é de 350 reais)
CHINAGLIA – A Mesa precisa ter coragem de apresentar uma proposta. Passa um, dois, três meses, e todos nós somos cobrados. A responsabilidade é da Mesa. Sou favorável ao aumento. E se o caminho for a equiparação, sou favorável.

Outro mundo, outra realidade. Nas fábricas, nas ruas, a luta para se manter a vida, para sobreviver. A passagem de trens e ônibus aumenta. Aumenta a anuidade em escolas e faculdades. E, os deputados querem aumentar e muito o que já ganham. Os trabalhadores continuam a sua dura luta como mostra a conferência Pan Americana em Joinville. A nossa pagina mostrará nos próximos dias as fotos e depoimentos de operários e operárias na sua dura luta diária. Uma luta que tem tudo para varrer do mundo os capitalistas parasitas e seus fieis criados, estes deputados que não se envergonham em aumentar seus salários para 25 mil reais e recusam-se a aumentar o mínimo até para 420 reais.

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