Em discussão Uma Tese coerente para o PT

III Congresso do PT

Convocado para os dias 6, 7 e 8 de julho de 2007, o III Congresso tem 3 pontos na pauta: o Brasil que queremos, o socialismo que queremos e o partido que queremos.

A preparação será feita através de textos publicados para os filiados, debates em várias capitais e dos Encontros Zonais, Municipais e Estaduais. As teses iniciais devem ser apresentadas até 7 de março.

O Trabalho (MAIORIA) está convidando todos petistas para discutir e assinar uma tese concentrada nas principais tarefas que o PT e o governo Lula tem a realizar, hoje, para cumprir o mandato recebido das urnas: constituir um verdadeiro governo dos trabalhadores da cidade e do campo rompendo com a burguesia, reafirmar a luta pelo socialismo como regime social baseada na propriedade coletiva dos grandes meios de produção sob controle democrático da classe trabalhadora e de todos os oprimidos e explorados, e na e defesa dos ideais políticos e da democracia interna que fizeram grande o PT como partido dos trabalhadores.

É evidente que o PT vive uma grande crise provocada pelo orientação política da maioria da Direção. O “Campo majoritário” que dirige o partido está, hoje, conformado pelas principais correntes do PT (Unidade e Luta, Democracia Radical, Movimento PT, DS, Articulação de Esquerda e outras correntes menores), todas unidas na defesa da política do governo Lula e na defesa do Governo de Coalizão do PT com a burguesia.

O Trabalho (MAIORIA) considera que essa política vai levar o governo Lula e o PT ao aprofundamento da crise permanente que já vivemos. Esta política é incapaz de fazer avançar o povo trabalhador brasileiro, um só passo que seja em direção ao socialismo. Ao contrário, esta política só pode organizar uma tragédia social e a desmoralização do governo Lula e do PT.

Consideramos necessário aprender com os erros, com a história do movimento operário internacional, e nos dispomos a ajudar a agrupar todo os petistas, que querem continuar fiéis à sua própria classe e à luta pelo socialismo, em uma Esquerda Marxista do PT para dar continuidade a luta que iniciamos com a construção do Partido dos Trabalhadores, em 1980.

Ao mesmo tempo forças poderosas trabalham para impedir que os socialistas, os trabalhadores, rompam as barreiras do capitalismo. Eles tentam convencer todos de que o único horizonte possível é a reforma e a “humanização” do monstro imperialista.

Nossas forças estão em nossa própria classe: “Que ninguém ouse duvidar da capacidade de luta da classe trabalhadora”. Só ela pode encontrar seu próprio caminho. É impossível conseguir que o escorpião deixe de ser escorpião, assim como é impossível conseguir que um capitalista deixe de explorar e oprimir os trabalhadores. Nenhum burguês com gravata vermelha vai fazer nosso trabalho.

Romper a Coalizão com os partidos do capital e constituir um governo dos trabalhadores para “destravar” o Brasil e caminhar para o socialismo
A votação de Lula no primeiro turno foi o resultado dos quatro anos do primeiro governo. Após ter conquistado uma maioria em 2002, em vez de ampliar o apoio popular (vejam Chávez), Lula faz apenas 48% dos votos.

Lula, então, denuncia as privatizações de FHC e diz que era a eleição dos “pobres contra os ricos” arrancando 2 milhões de votos de Alkimin. O povo trabalhador barrou a volta da burguesia ao governo federal.

Agora, é preciso governar para quem deu o mandato. Interrompendo já os leilões de áreas petrolíferas, cancelando o projeto de pedágio nas estradas federais, reestatizando todas as empresas privatizadas, as fábricas ocupadas, iniciar a reforma agrária.

Mas nada disso pode ser feito sem a ruptura desta coalizão com o PMDB, PP, PTB, PL.

Todas as grandes correntes que conformam a DN PT aprovaram, unidas, toda a política do governo e especialmente apoiaram a formação do “Governo de Coalizão” com PMDB, PP, etc. Prometem aos petistas e aos trabalhadores que vão “destravar” o Brasil com “Desenvolvimento, distribuição de renda e educação de qualidade”. Mas, não vão cumprir a promessa se o PT não enfrenta a verdadeira trava da economia, ou seja, a exploração do imperialismo, do capital.

Não se pode contornar a situação mundial que se encontra num impasse e que tem como horizonte uma crise e uma brutal recessão. O imperialismo semeia tempestades e sofrimento sobre o planeta. Sem enfrentar isso com controle de cambio, monopólio do comércio exterior e principalmente a anulação unilateral das Dívidas Interna e Externa, não haverá nenhum destravamento. Apenas falsas soluções que empurram o problema para a frente.

Não é possível fazer um governo de harmonia entre o capital e o trabalho, fazendo desaparecer a luta de classes. Isto é ilusão e uma política trágica. A DN PT e Lula deveriam fazer o que faz Chávez na Venezuela, aprofundando a revolução que todos apoiamos com tanto entusiasmo. Chávez estatiza as fábricas ocupadas e anuncia a reestatização de todas as empresas privatizadas. Defende a revolução cubana e a mais ampla coalizão contra o imperialismo, inicia a reforma agrária. Se Lula faz a mesma coisa teria o apoio de dezenas de milhões de trabalhadores do campo e da cidade.

E isto começa por resistir às contra-reformas que a burguesia exige: Previdência, Trabalhista, Sindical e Universitária. Fazer a Reforma Agrária, estatizar os bancos e as grandes empresas, sob controle e administração democrática da classe trabalhadora, é a condição prévia para uma economia planificada socialista. Só isso pode resolver definitivamente os problemas do povo brasileiro.

A única coalizão de que o povo precisa é um governo do PT, sem ministros burgueses, mas junto do movimento operário e camponês e suas organizações. É a estes que Lula e nosso partido devem o segundo mandato. Só um governo deste tipo pode retirar as tropas do Brasil da ocupação do Haiti, pode fazer a Reforma Agrária, reestatizar a Vale do Rio doce, as ferrovias, os serviços públicos, e abrir um caminho para o socialismo.

Serge Goulart

Membro do DN PT e Coordenador dos Conselhos das Fábricas Ocupadas

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