Eleições: Derrota na vitória ou vitória na derrota

O Partido dos Trabalhadores, através da candidatura à reeleição de Dilma Roussef poderia ter ganho esta eleição fácilmente no primeiro turno. Mas escolheu o caminho que fatalmente levou à disputa do 2º Turno.

O Partido dos Trabalhadores, através da candidatura à reeleição de Dilma Roussef poderia ter ganho esta eleição fácilmente no primeiro turno. Mas escolheu o caminho que fatalmente levou à disputa do 2º Turno.

Apuradas as urnas eletrônicas, vamos para o segundo turno da eleição presidencial, em um quadro onde Dilma vai enfrentar o Aécio Neves, que já está sendo anunciado por todos os jornais e pela mídia como o provável vencedor. Na realidade a eleição está empatada, mas a burguesia quer a vitoria do PSDB a todo custo.

Depois de um processo eleitoral marcado por reviravoltas, desde a morte de Eduardo Campos, onde tivemos a ascenção e a queda de Marina da Silva, uma cobra criada pelo próprio PT e que acabou por si própria se embaralhando toda e que só serviu para ser a segunda via do PSDB, o resultado é que todas as forças reacionárias deste país acabaram decidindo partir para a contra-revolução, para o enfrentamento na luta de classes contra o movimento operário organizado e os movimentos da juventude radicalizada, que se exacerbaram e provocaram uma grande virada política com as manifestações de junho do ano passado.

A tragédia anunciada vira uma farsa: cabe a um desqualificado concentrar em torno de si as esperanças de uma classe dominante covarde, corrupta, ignorante, racista, que quer tentar salvar a sua decadência inevitável por meio de um Estado oligarquico-bonapartista e de instituições decrépitas e corruptas.

Mas o grande responsável pela ascenção da reação foi a própria política do PT de governar para os interesses do capitalismo, política de colaboração de classes, esquecendo que tinha o governo, mas não o poder, porque este pertence a burguesia.

Ao invés de reatar com as suas tradições históricas de defesa das reivindicações dos trabalhadores os dirigentres do PT, Lula, Dima & Cia preferiram optar pela política do “quanto mais capitalismo melhor”, com todas as suas consequências entre elas o abandono das demandas populares, a adaptação às instituições corruptas do Estado capitalista e finalmente o tiro de misericórdia: todo apoio à repressão e a criminalização dos movimentos sociais, das manifestações e greves, repressão exigida pela burguesia e aplicadas por um Judiciário e um Ministério da Justiça a serviço dos patrões.

Ao invés de dizer claramente que vai atender as reivindicações de transporte, saúde, educação acabando com o gargalo imposto pela política do superávit primário, acabar com o fator previdenciário, retomar o monopólio estatal do petroleo, fazer a reforma agrária, optaram por tentar qualificar-se como “gerentes do capitalismo”. Esta política só alimentou tudo o que há de mais reacionário no país agrupados agora em torno da “privataria tucana” cujo presidenciável é Aécio Neves.

O resultado das urnas deixa claro um empate. Dilma teve 43,2 milhões de votos com 42% dos votos válidos. Aécio Neves teve 34,8 milhões de votos com 33,5% dos votos válidos. Marina acabou ficando com 21,3% dos vots válidos. O índice de abstenção destas eleições doi alto, cerca de 19%. A bancada o PT no Congresso Nacional encolheu para os níveis de 2002 ficando agora com 70 parlamentares, diante dos 88 de tem atualmente. Nos Estados mais importantes do país, com execeção de Minas Gerais, o PT amargou uma grande derrota como em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo o desastre: Geraldo Alckmin se elege no primeiro turno e Eduardo Suplicy perde sua vaga no Senado para … José Serra!

Na última hora, o PSDB avançou em cima dos eleitores da Marina, pois muito do seu eleitorado de direita preferiu na última hora fazer voto útil. Considerando que nem todos os votantes na Marina vão necessariamente apoiar o Aécio a situação para o segundo turno fica empatada.

E agora? Temos uma exdruxula situação. Com o desastre do PT nestas eleições, uma possível vitória de Dilma no segundo turno vai levar a um governo cada vez mais refém dos partidos burgueses, um governo cada vez mais à direita. Se Aécio vencer, acaba o namoro da colaboração de classes e a burguesia vai partir para enfrentar a classe trabalhadora que não está disposta a ceder nos seus movimentos reivindicativos. Ou seja, quem espera uma vitória pode sofrer uma derrota nas ruas e nas lutas de classes que vão se intensificar. E quem espera uma derrota pode ser surpreendido por uma vitória, pois nada está resolvido nesta república oligárquica tropicalista. E a burguesia, diante de uma crise economica que avança sobre tudo na sociedade brasileira, cada vez mais se mostra incapaz de governar e de se legitimar perante as massas, mesmo vencendo as eleições.

Para os marxistas revolucionários agora, do ponto de vista dos interesses da classe trabalhadora, urge deter o avanço das forças contra-revolucionárias que estão agrupadas atrás da candidatura Aécio Neves. Agora é Frente ùnica contra a burguesia, todos contra a “privataria tucana”.

A eleição está empatada. Ainda é tempo do PT virar a situação. Mas para issso precisa girar para a esquerda e reatar com as reivindicações dos trabalhadores, reatar com o programa socialista. Ou seja, o PT precisa romper com sua política de colaboração com a burguesia e atender as reivindicações, atacar o poder do capital financeiro, restaurar o monopólio estatal do petroleo, fazer a reforma agrária e mudar toda a politica econômico no sentido de satisfazer as necessidades da maioria da população que é composta pela classe trabalhadora.

Mas, uma coisa é certa. Independente do resultado das eleições a classe trabalhadora não está disposta a ceder na luta pelos seus direitos e reivindicações. As manifestações de junho de 2013 foram ignoradas pela esmagadora maioria dos políticos.E vai ser nas ruas, nas greves, nos movimentos de juventude, nas manifestações de massas que o futuro da situação política vai ser decidido. Mais uma vez só temos uma certeza: o pau vai quebrar.