Eleições 2018: A crise e o impasse da burguesia

As candidaturas da direita, com exceção de Bolsonaro (PSL), não empolgam ninguém. A burguesia está atônita e seus funcionários (a chamada “classe política”) mais ainda. Afinal, as lições da França, da Inglaterra e principalmente da Itália, ecoam nos seus cérebros de toucinho. Os políticos tradicionais, confiáveis, foram varridos e sobram os aventureiros (estilo Bolsonaro) e crescem as alternativas de uma esquerda “não tradicional” como a França Insubmissa de Melechon ou o Corbyn liderando a revolta no Partido Trabalhista. E no Brasil?

Os tradicionais, como Alckmin ou mesmo Rodrigo Maia, são acossados à direita por Álvaro Dias ou Bolsonaro. E não conseguem crescer, assustando a burguesia. Meirelles, que é um representante direto dos banqueiros, filia-se ao PMDB. A burguesia treme ao pensar em saídas como Bolsonaro e Joaquim Barbosa, que não têm programa econômico confiável. A candidatura de Bolsonaro atenderia, inclusive pela força, os interesses da burguesia. Contraditoriamente, na ausência de uma candidatura revolucionária de esquerda, aparece para as massas mais atrasadas como uma candidatura que estaria combatendo esse sistema podre. No entanto, Bolsonaro nada tem de novo. Ao contrário, representa a manutenção do sistema vigente a qualquer custo.

Assim, parte da burguesia sonha que Lula de alguma maneira possa ser candidato e que possa aplicar o programa de Temer. O problema é que o programa de renovação patrocinado pelo Departamento de Estado dos EUA no mundo inteiro (no Brasil, atendendo pelo nome de Operação Lava Jato) limou a candidatura de Lula e também a de Aécio. Lula conseguirá ser candidato? Será preso? As tempestades, depois de conjuradas, são difíceis de segurar. A burguesia vive mais um impasse: a candidatura de Lula, que aparece em primeiro nas pesquisas, embora esteja ameaçada pela condenação sem provas por parte do Judiciário. A liminar do STF sobre o impedimento de candidaturas de quem tenha sido condenado em instância colegiada demonstra uma vez mais a divisão da burguesia que se expressa nas instituições podres do estado burguês.

Na esquerda, a situação não muda muito. Nada parece empolgar de verdade os trabalhadores. Ciro Gomes (PDT), apesar de sua retórica, não passa de mais um burguês que quer manter o essencial de Temer sem os arroubos gramaticais deste. Manoela, do PCdoB, apenas pode figurar se tiver seu nome mantido com o mesmo programa de Lula. Lula promete mudar mundos e fundos, revirar céus e terras e procura manter tudo na maior calma possível, para poder nomear algum banqueiro menos conhecido e continuar a aplicar o programa dele próprio e de Dilma, que privatizou e abriu caminho para uma nova reforma da previdência (não esquecer que ele fez uma em seu governo).

Sobra o PSOL e sobre este se detém os olhos da juventude, inclusive da juventude trabalhadora.

A candidatura de Boulos pelo PSOL, se quiser conquistar corações e mentes e se tornar uma alternativa para as massas, precisa abandonar o reformismo e falar a verdade aos trabalhadores e à juventude. Precisa combater este sistema moribundo e deixar claro que só a unidade, organização e luta da classe trabalhadora e da juventude poderá resolver seus problemas de maneira definitiva, acabando com o capitalismo e abrindo caminho para o socialismo. E para isso é preciso explicar que não resolveremos nossos problemas nas urnas. Para tal, precisaria adotar um programa que parta da expropriação dos grandes meios de produção e de defesa de todos os direitos dos trabalhadores que vêm sendo suprimidos pelos sucessivos governos, de FHC, Lula, Dilma e agora Temer.

Se o PSOL não cumprir essa tarefa, teremos grande número de abstenções daqueles que não aceitam a direita e nem o reformismo. Na falta de uma alternativa viável para mudar a ordem existente, deixarão de ir às urnas ou votarão nulo e branco. Como temos dito, não existe onda conservadora. O que existe é a ausência de uma direção revolucionária que se conecte com as massas e seja reconhecida por ela. O PSOL poderia se tornar essa ferramenta. Nós da Esquerda Marxista continuaremos combatendo e defendendo que a candidatura do PSOL apresente-se como uma candidatura de luta de classes e revolucionária. Os nossos candidatos nestas eleições apresentam exatamente uma plataforma que procura fazer isso (ver plataforma na página ao lado).