Eduardo Campos morre: devemos chorar?

Há muito tempo atrás, frente a uma tragédia, Espinoza dizia que não devíamos rir nem chorar, mas compreender. A morte de Eduardo Campos é uma tragédia? Depende muito do ponto de vista. Para seus familiares, seus filhos e parentes, seguramente o é. Para a burguesia, que via nele uma esperança de renovação de seus quadros políticos, também. Para o proletariado, a juventude, os camponeses, nem tanto. Esta morte não mudará a sua sorte, para o bem e para o mal.

Há muito tempo atrás, frente a uma tragédia, Espinoza dizia que não devíamos nem rir, nem chorar, mas compreender. A morte de Eduardo Campos é uma tragédia? Depende muito do ponto de vista. Para seus familiares, seus filhos e parentes, seguramente o é. Para a burguesia, que via nele uma esperança de renovação de seus quadros políticos, também. Para o proletariado, a juventude, os camponeses, nem tanto. Esta morte não mudará a sua sorte, para o bem e para o mal.

É evidente que tendo a direção do PT passado para o lado da burguesia, Lula chorar de emoção ao ligar para a mãe de Eduardo, ou Dilma tentar ligar para sua mãe e sua mulher, passam como fatos normais. Como passa sendo “normal” o avião da Presidência levar a mãe de Eduardo para Pernambuco. Tudo muito normal. Para os trabalhadores que morreram lá, para suas famílias, como o Piloto Geraldo Magela Barbosa da Cunha, que reclamava de voar em excesso, nada disso aconteceu. Eles morreram, no máximo tiveram seus nomes registrados nos jornais, suas famílias choram e lamentam como a família de Eduardo, mas não se tem notícia de que ganharam ligações de Lula ou receberam um avião da Presidência para ver seus mortos.

Para os trabalhadores que morrem diariamente, anonimamente, nenhuma página de jornal. No máximo, se forem atingidos por alguma bala da polícia, ou dos bandidos, talvez recebam alguma menção no jornal. E talvez sejam até acusados de serem bandidos. A vida vale pouco no país, a não ser que você seja um presidenciável.

A CUT, o MST, lançaram nota de pesar. Compreensível? Sem dúvida. Mas, afinal, Campos estava do lado dos trabalhadores e do povo, ou como costuma chamar a direção do PT, no “nosso campo”?

A verdade é que Campos, Dilma e Aécio comungavam com muitas políticas. A principal reclamação de Campos ao PT é que ele não cumpriria a promessa de apoiá-lo em 2018 como candidato a presidente, por isso ele não apoiava Dilma agora. Nas entrevistas com os representantes de agronegócios e do empresariado, todos os três foram aplaudidos, ainda que os aplausos para Dilma fossem mais comedidos.

Mas Campos era ousado. A sua arrecadação quase se igualou a de Dilma e Aécio na primeira prestação de contas. E ele prometia coisas para chegar perto da juventude, como o passe livre estudantil. Sim, ao contrário de Dilma que nada fez, ele prometia muito mais que ela. Mas renegava o programa do seu próprio partido que falava em socialização gradual dos meios de produção. Em 13 estados o PSB de Campos coligou-se com o PSDB. Enfim, nada de novo nesta seara, apenas a velha política de sempre, com uma cara e uma roupa nova.

Nós lamentamos sim a morte de Campos. Preferíamos ver o proletariado e a juventude o derrotando nas urnas, do que vê-lo transformado-se em um ícone morto que não pode ser criticado.

O proletariado, os trabalhadores, a juventude tem muito mais a chorar todo dia. Vizinhos e parentes que morrem de doenças ou em um assalto ou numa repressão policial. A dura vida de cada dia, que vai se tornar pior quando as duras regras da crise de 2008 adentrarem as portas que já estão batendo faz tempo.

A Esquerda Marxista se prepara para isto, para ajudar os trabalhadores e a juventude a enfrentar a burguesia. Não temos tempo para lamentar os burgueses que se foram.