DN CUT: O caminho deve ser de independência e luta

A Direção Nacional da CUT está reunida em Brasília. Espera-se dela mais do que teatro e apoio ao governo. É hora de unir e mobilizar para derrotar a política de austeridade aplicada por Dilma e seu governo.

A CUT precisa romper com a política de colaboração de classes, de respeito ao capital, aos capitalistas e suas instituições. A política de maquiar o monstro é tão inútil quanto tentar ensinar um tigre a comer alface. Ela só serve para paralisar e desarmar a classe trabalhadora e sua disposição de luta.

 

A Direção Nacional da CUT está reunida em Brasília. Espera-se dela mais do que teatro e apoio ao governo. É hora de unir e mobilizar para derrotar a política de austeridade aplicada por Dilma e seu governo.

A CUT precisa romper com a política de colaboração de classes, de respeito ao capital, aos capitalistas e suas instituições. A política de maquiar o monstro é tão inútil quanto tentar ensinar um tigre a comer alface. Ela só serve para paralisar e desarmar a classe trabalhadora e sua disposição de luta.

 

A luz vai aumentar 40%. Gasolina e óleo diesel aumentaram. Governos estaduais deixam professores e outros servidores sem salário. Falta água. O preço da comida aumenta. O emprego cai. O PAC é paralisado. As MPs 664 e 665 atacam direitos dos trabalhadores. Os juros aumentam. Cortes nas bolsas e financiamentos estudantis.

Em recente artigo o presidente da CSI, João Felício, afirmou:

“Se neste momento há falta de recursos para continuar sustentando as políticas sociais, é preciso definir de qual setor da sociedade se deve buscar o montante necessário.

Diante do impasse, o governo federal deveria ter aprofundado a agenda desenvolvimentista e progressista que vinha trilhando – como defendia o programa pelo qual foi eleito -, mas decidiu pela capitulação à agenda neoliberal. O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, optou pelo retrocesso neoliberal, derrotado nas urnas. Adotou o descaminho do ataque às conquistas históricas da classe trabalhadora, aos seus direitos sociais e previdenciários. Como todos pudemos ver, este foi e é um erro crasso – e não apenas econômico -, pois cava um abismo político entre a presidenta Dilma Rousseff e a base sindical, amplamente favorável à sua reeleição. Desnecessário relembrar o papel decisivo jogado por sua abnegada militância no segundo turno. Além disso, por ser uma mudança de rumo tão radical e repentina, é uma péssima opção, que leva ao descrédito”.

Sua “saída” é: “Precisamos enfrentar o problema da ausência de recursos. O fato é que não há como equilibrar a balança sem aumentar o que nela entra e sem reduzir o que dela sai. Estancar a sangria, com a renegociação da dívida pública, é uma medida inadiável. Afinal, mais do que injusto, há muito de cruel no montante sacrificado no altar do capital especulativo”.

O problema é que o capital financeiro não admite “renegociação”. Eles querem tudo. Vejam a Grécia.

Por isso a burguesia exige a capitulação e muito mais. A oposição burguesa vai continuar atacando e sangrando o governo e o PT até derrota-lo em 2018.

E não serve de muito a CUT convocar um embrulhado “ato nacional contra a retirada de direitos, em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da Petrobrás e da Reforma Política”, confundindo tudo em vez de dizer “Abaixo as MPs de Dilma” e “Petrobras 100% Estatal e volta do Monopólio do Petróleo”.

E pior: introduz a “Reforma Política” como se isso fosse o problema. E não um governo que está agindo AGORA contra os trabalhadores, reprimindo e implantando a austeridade. Reforma Política é enrolação. O que precisamos é derrotar a atual política do governo agora, já. E isso só se consegue nas ruas, na luta unificada e organizada da classe trabalhadora.  

Quanto mais atacado pela burguesia, mais o governo vai à direita

 

As bancadas do PT no Congresso pedem para “melhorar” as MPs para “poderem votá-las”. Na bancado do PMDB se pede que as bancadas do PT e PCdoB votem em bloco as MPS e que o presidente da CUT envie uma carta pedindo que o PMDB apoie as MPs. E o governo decide cortar 22% do Orçamento e 5,6 bilhões de cortes na Educação da “Pátria Educadora”.

Falaram em impeachment mas, com a capitulação do governo já declararam que isto está fora da pauta. A histeria continua só na boca de cachorros loucos minguados. Mas, esta política governamental de traição a tudo que o povo esperava da reeleição só pode provocar e alimentar a raiva entre os trabalhadores e a juventude.

É essa política que vai derrotar esse governo entreguista. Lula, que de verdade nomeou os ministros da área econômica, disse no ato dos 35 anos do PT, que “o PT se tornou um partido como os outros”.

O resultado é esta desgraça para a classe trabalhadora, esta ofensiva a favor do capital e contra o povo que o governo empreende nesse momento.

Qual é a responsabilidade da CUT?

 

A CUT precisa romper com a política de colaboração de classes, de respeito ao capital, aos capitalistas e suas instituições. A política de maquiar o monstro é tão inútil quanto tentar ensinar um tigre a comer alface. Ela só serve para paralisar e desarmar a classe trabalhadora e sua disposição de luta.

A CUT não pode confundir sua política com a política do governo e não pode defender a política do governo sob pena de também ser destruída, como lamentavelmente o PT está sendo.

A CUT não pode combater de verdade a corrupção na Petrobras e defende-la dos abutres que desejam desmoraliza-la para esquartejar este gigante entregando-a nas mãos sangrentas das multinacionais, defendendo o governo e fazendo coro com a ridícula desculpa de que “a corrupção vem desde o governo FHC”. Isso nada resolve, exceto ampliar o leque dos corruptos.

Só a greve geral de todos os petroleiros, apoiada pela CUT, a ocupação e controle da Petrobras, a abertura de seus livros contábeis, pelos trabalhadores pode resolver a corrupção e punir os envolvidos.

Declarar-se contra as MPs e travar a batalha no tapetão ou “negocia-las” é jogar para a plateia, sabendo que a luta está perdida. Só a verdadeira mobilização pela base, a organização dos trabalhadores, pode romper a defesa inimiga e derrotar estas MPs e toda a política de austeridade.

Esta é a questão: Derrotar nas ruas a política de austeridade, os ataques contra os trabalhadores e defender todas e cada uma das suas conquistas.

 

Defender o governo do PT contra qualquer tentativa de golpe da direita, mesmo não sendo este o nosso governo, nada tem a ver com defender a política de austeridade deste governo e suas contrarreformas trabalhistas e sociais.

Mas, isso só pode ser feito com uma política de ruptura com o capitalismo, que traz a crise como a nuvem traz a tempestade e impõe a austeridade e os cortes. A CUT deve nortear suas lutas pela luta contra o Capital e não por sua pretensa reforma. Quem quer reformar o capitalismo e colaborar com ele dissolvendo a luta de classes não organiza os batalhões para a guerra. É urgente a CUT abandonar a política colaboracionista do Tripartismo e organizar nossas tropas.

Os capitalistas já entraram em guerra com todas suas armas, austeridade, cortes, ameaças, criminalização, repressão generalizada e atividade antissindical de todas as instituições do Estado capitalista (Executivo, Judiciário, Congresso, etc.).

E a CUT não pode cair na armadilha de que “É preciso fazer o ajuste fiscal”. Isso é mentira! O ajuste fiscal é o mecanismo para garantir o pagamento da Dívida Pública! Para garantir que a riqueza produzida pela classe trabalhadora continue sendo pilhada pelos capitalistas nacionais e internacionais!

A questão de fundo é o pagamento da Dívida Interna e Externa! No Brasil e em todos os países do mundo.

 

A Dívida Externa cresceu de 2010 para 2014 de U$ 352 bilhões de dólares para U$ 554 bilhões de dólares. A Dívida Interna atingiu R$ 3,3 trilhões de reais.  E os vampiros da Dívida exigem garantias de que vão receber. Esta é a base da política de austeridade!

Companheiros, vejam a Grécia, a Espanha, Portugal. É este desastre que se prepara aqui com esta política. Mas, também é aquela resistência que se prepara por aqui.

A CUT deve lutar por:

1)     Rejeição das MPs 664 e 665. Defesa da Previdência e de todas as conquistas trabalhistas e sociais.

2)     Estabilidade no emprego. Estatização sob controle operário de toda empresa que ameaçar demitir em massa.

3)     Petrobras 100% estatal sob controle operário. Restabelecimento do Monopólio estatal do petróleo. Eleição de comissão de controle operário com poder de fiscalização e demissão de diretores e gerentes corruptos.

4)     Estatização de todas as empreiteiras corruptoras sob controle operário

5)     Estatização de todos os bancos que desviaram dinheiro, fraudaram ou ajudaram a fraudar o Fisco e acobertaram dinheiro do narcotráfico e contrabando, a começar pelo HSBC.

6)     Reajuste mensal dos salários de trabalhadores e servidores de acordo com a inflação.

7)     Revogação imediata do fator previdenciário e das Reformas da Previdência de FHC, Lula e Dilma.

8)     Revogação de todas as desonerações tributárias em particular sobre a folha de pagamentos.

9)     Reestatização sobre controle operário do setor elétrico, das telecomunicações, reestatização da Vale do Rio Doce e de todas as empresas e Serviços Públicos privatizados.

10)  Estatização das universidades que recebem dinheiro público.

11)  Não pagamento da Dívida Interna e Externa!

Estas são medidas emergenciais para defender a classe trabalhadora e impedir o desastre que se prepara.

A crise econômica internacional continua e a única política dos governos para salvar o capitalismo é a política de austeridade. Mas, a resistência das massas é notável e cedo ou tarde ela explode nas ruas.

E quando as direções sindicais e políticas de esquerda se aferram aos governantes e ao capitalismo essa resistência das massas rompe os diques tradicionais e traça um outro curso para o rio impetuoso da luta de classes. Então tudo que estava parado se move e tudo que é sólido se desmancha no ar!

Estamos vendo a magnífica greve dos professores no Paraná. A greve dos professores de SP se preparara. Vimos a maravilhosa greve dos metalúrgicos do ABC, que recusaram os acordos da direção do sindicato com as montadoras, que recusaram continuar sendo tratados como bagaço enquanto a direção do sindicato continua buscando junto com seus patrões o inexistente “interesse comum”.

Nos últimos dois anos temos visto greves como as dos garis do RJ, dos motoristas de SP, dos metroviários de SP e muitas outras, que mostram que há uma disposição de luta junto, com ou sem, e mesmo contra as direções sindicais.

Foi um movimento assim que começou a varrer os pelegos em 1978, 79, 80. Foi ele que fundou a CUT em 1983.

Na situação atual a responsabilidade da direção da CUT, e de todos os sindicatos, é total. Não há outra saída, para ser fiel a classe trabalhadora, que retomar o programa fundamental que deu nascimento e sentido à CUT: A luta pela unidade dos trabalhadores no combate pelas reivindicações e pelo socialismo.

Esta é a questão fundamental na conjuntura e do próximo Congresso da CUT.

Explicar, organizar, mobilizar, lutar e vencer!

Viva a unidade e a luta dos trabalhadores de todo o mundo!

Venceremos!

Brasília, 3 de março de 2015

Severino Nascimento (Faustão)

Corrente Sindical Esquerda Marxista

Contato: Faustão – 0xx 81 9194 1093

E-mail: faustaope@gmail.com

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