Dilma, de que adianta vir médicos cubanos (e eles são bem vindos) se o governo não garante Saúde Pública e gratuita para todos?

 
Não adianta tentar esconder o sol com uma peneira: o programa “mais médicos” está muito longe de ser o suficiente sequer para começar a resolver a crise da saúde no Brasil. Para confirmar isso, basta citar um dado que dá uma dimensão geral da nossa realidade.
Do orçamento federal, 47% vão para o bolso dos banqueiros (juros e serviços da dívida pública) e só 3,5% para a saúde: basta isso para ver que não é possível resolver a crise da saúde sem enfrentar os privilégios dos super-ricos. Muito pelo contrário, é exatamente esse o gargalo que impede de resolver a crise na saúde.

 
Não adianta tentar esconder o sol com uma peneira: o programa “mais médicos” está muito longe de ser o suficiente sequer para começar a resolver a crise da saúde no Brasil. Para confirmar isso, basta citar um dado que dá uma dimensão geral da nossa realidade.
Do orçamento federal, 47% vão para o bolso dos banqueiros (juros e serviços da dívida pública) e só 3,5% para a saúde: basta isso para ver que não é possível resolver a crise da saúde sem enfrentar os privilégios dos super-ricos. Muito pelo contrário, é exatamente esse o gargalo que impede de resolver a crise na saúde.
 
Não somos contrários à vinda de médicos de outros países. Consideramos inclusive que os médicos cubanos podem contribuir com sua formação e experiência adquiridas em um sistema de saúde que é muito diferente e bem melhor que o brasileiro, sistema este que comprova que uma revolução, mesmo que limitada e burocratizada, pode conseguir grandes avanços, inclusive na saúde.  É diferente e melhor, como fica claro na comparação dos índices básicos de saúde, porque em Cuba o sistema de saúde é estatal e a saúde não é mercadoria, enquanto no Brasil o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde, estaduais e municipais, atuam como balcões de negócios repassando as verbas públicas para empresas privadas disfarçadas de “organizações sociais”. 
 
Em Cuba a aplicação dos recursos da saúde pode ser planejada de modo integrado e racional (e esse planejamento ainda vai melhorar muito quando os trabalhadores cubanos tomarem o poder das mãos da burocracia que ainda os oprime). No Brasil, não pode, porque o interesse comum está subordinado ao interesse privado, basta ver o espetáculo inteiro do sucateamento do SUS: o estado de abandono de grande parte dos hospitais públicos e postos de saúde, o arrocho salarial dos servidores da saúde, a falta de um plano de carreiras, e a ausência de concursos públicos para aumentar o quadro de servidores em número proporcional às necessidades da maioria da população. 
 
Em vez de trazer os médicos cubanos apenas para remendar o nosso esburacado sistema de saúde, a presidente Dilma poderia aprender com eles, especialmente depois que eles ficarem conhecendo melhor a nossa realidade, que não deveria estar subvencionando a saúde privada, que deveria lutar contra os interesses dos tubarões da saúde privada para poder construir um sistema de saúde totalmente público, gratuito e de qualidade para todos os brasileiros. Em vez disso, ela prefere confiar em suas alianças com os partidos burgueses e tem que pagar o preço (na verdade os trabalhadores é que pagam o preço) da crise na saúde.
 
Para concluir, é necessário corrigir o grave erro cometido pelas entidades médicas (como a Associação Médica Brasileira e outras) que estão denunciando que a contratação dos médicos cubanos tem alguma similaridade com “trabalho escravo” porque eles não teriam direitos trabalhistas assegurados, e também porque eles não vão receber o valor integral do salário de médico do programa “mais médicos”. Essa denúncia não tem fundamento e, por essa razão, é irresponsável. A verdade é que os médicos cubanos são funcionários públicos de Cuba e, no Brasil, continuarão a receber os seus salários normalmente, além de um valor como ajuda de custo, assim como o tempo de trabalho aqui contará para efeito de suas aposentadorias. A diferença entre o salário previsto no programa e o salário normal que eles receberão irá para o governo cubano e poderá ser usado no sistema de saúde daquele país, o que nos parece coerente com o caráter socializado da medicina cubana.