Dilma cai nas pesquisas… e Lula volta (a falar)

A grande novidade de hoje (9/4/2014) é a entrevista de Lula aos “blogueiros”. Durante mais de três horas Lula falou e comentou sobre tudo.[i] De qualquer forma, o ex-presidente e líder mais importante do PT deixou bem claro a sua posição e o que propõe para o país.

A grande novidade de hoje (9/4/2014) é a entrevista de Lula aos “blogueiros”. Durante mais de três horas Lula falou e comentou sobre tudo.[i] De qualquer forma, o ex-presidente e líder mais importante do PT deixou bem claro a sua posição e o que propõe para o país.

Para quem é “das antigas” que lembra do Lula defendendo os trabalhadores, a entrevista parece ter saído da boca de outra pessoa. Para os jovens de hoje que nunca escutaram nada do Lula antigo, é só mais um “político” falando “merda”. E que “merda” falou o líder do PT?

O mais importante: Lula recomendou explicitamente que o governo deixe as políticas “pseudokeynesianas” e volte para o bom e velho mantra de rigor na área fiscal, de controle dos gastos e aperto nas contas públicas. Em outras palavras, nada de incentivos a economia, nada de atender os trabalhadores, precisamos é pagar os bancos! Soou como música para todos os grandes bancos e para os “mercados”.

Mas esta solução é real?

Os países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne as maiores economias do mundo) tiveram um aumento no desemprego. E o número total de desempregados no mundo, hoje, continua aumentando depois da crise de 2008. Ou seja, o capitalismo não consegue mais “voltar aos anos dourados” da época de 1945-1975, quando tudo parecia ir às mil maravilhas. A verdade é que os “30 anos dourados” foram baseados numa destruição sem precedentes das forças produtivas do mundo inteiro, com a II Guerra Mundial (1939-45). E estas não são as condições de hoje.

O mundo pós 1975 conseguiu superar a primeira crise com a retomada dos países onde o capital tinha sido expropriado. Os custos humanos desta “retomada” com a destruição de direitos, mafiosização da economia nos ex-países soviéticos, queda da expectativa de vida em mais de 25 anos, queda brutal da alfabetização, do atendimento médico e dos serviços públicos, foram o preço que se pagou. Depois disso, a partir de 2000, é o aumento brutal do crédito que impulsiona a economia. E quando tudo acaba? Crise em 2008 e todos os economistas “sérios” lembram que só se saiu da crise de 1929 com a II Guerra Mundial.

E se as condições políticas não permitem hoje uma nova Guerra, se a existência das bombas nucleares pode levar à destruição total do mundo (a imprensa da Rússia, na atual crise da Ucrânia, lembrou que a Rússia é o único pais do mundo que pode fazer os EUA virarem pó!), o capital tem uma única saída: jogar sobre os ombros da classe trabalhadora todo o peso da crise.

Como lembrou um burguês em artigo outro dia na Folha de São Paulo: “é preciso um novo tipo de emprego, sem estabilidade, sem direitos sociais, sem salário garantido, esta é a única forma de termos competividade. E depois a “área social” que se preocupe com o que fazer com os que não têm emprego ou cujos salários não foram pagos”. Boa medida, mas para isso é preciso enfrentar a classe trabalhadora. E quem melhor que Lula para apaziguar e permitir este enfrentamento?

Ah, mas o líder do PT reluta e prefere – como destaca o site do PT – “ser conselheiro” do governo. Sim, mas os trabalhadores vão aceitar esses remédios?

A Mercedes anuncia a demissão de 2.000 trabalhadores. As outras fábricas de automóveis anunciam férias coletivas. E o que faz o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC?

Seguindo o conselho de Lula, continuam querendo “ajudar” os empresários. Vão ao BNDES para acertar condições especiais de financiamento para ajudar as empresas, que, coitadinhas “continuam pessimistas” apesar dos acertos. E o site do sindicato noticia isso, noticia as férias coletivas, mas não tem a coragem nem de noticiar as demissões! (http://www.smabc.org.br/smabc/materia.asp?id_CON=34729&id_SEC=12).

Sim, as direções do PT e dos sindicatos empenham-se em salvar o capital. Mas os trabalhadores cedo ou tarde vão reagir contra isso. E a Esquerda Marxista, desde já, combate contra a conciliação do capital, contra a coligação do PT com a burguesia magistralmente defendida por Lula, combate pelo socialismo e pelo comunismo. Direções como Lula, Dilma e a do Sindicato, vão ser varridas pela história. Aos trabalhadores, cabe a última palavra.



[i] A íntegra da entrevista pode ser ouvida aqui: http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2014/04/08/ouca-a-integra-da-entrevista-de-lula-aos-blogueiros/