Diante de sabotagem da CNB e de OT, Esquerda Marxista renuncia à presidência e direção do PT de Joinville

Os membros da Esquerda Marxista (EM), em 18/11, renunciaram coletivamente aos cargos no Diretório Municipal (DM) do Partido dos Trabalhadores de Joinville (SC), inclusive da presidência ocupada por Adilson Mariano.

Os membros da Esquerda Marxista (EM), em 18/11, renunciaram coletivamente aos cargos no Diretório Municipal (DM) do Partido dos Trabalhadores de Joinville (SC), inclusive da presidência ocupada por Adilson Mariano.

A decisão foi motivada pela sabotagem organizada pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), na última reunião do diretório, em 15 de novembro, que inviabiliza o funcionamento democrático do Diretório.

Mesmo sendo a corrente com maior número de membros na direção, a CNB não é majoritária no DM e além disso não consegue mais reunir seus militantes e, no intuito de impedir o quórum, retirou-se da reunião do DM oficialmente instalada. Na oportunidade, seria debatida a CARTA ABERTA apresentada pela EM, a ser enviada à presidente Dilma, ao ex-presidente Lula e ao diretório nacional do partido com um balanço das eleições.

A retirada dos membros da CNB da reunião, orientada pelo secretário de formação do partido, Valsoni Celestino (Lico), ligado ao ex-deputado federal e ex-prefeito municipal Carlito Merss, foi vergonhosamente acompanhada por Osvaldo França, da corrente O Trabalho.

A carta da EM contém as seguintes proposições:

  • Enviar ao Congresso Nacional um Orçamento para 2015 que rompa com o pagamento das dívidas interna e externa que alimentam vampiros especuladores e coloque todo o dinheiro para transporte, saúde e educação, públicos e gratuitos para todos, uma política para elevar o salário mínimo ao piso constitucional (Dieese), reduzir a jornada para 40 horas sem redução de salários.
  • Demitir os ministros capitalistas, romper com os partidos do capital. Constituir um governo apoiado nas organizações populares, na CUT, no MST, entre outras. Exigir publicamente e combater pelo impeachment dos ministros do STF que votaram na farsa da AP 470, a liberdade imediata e a anulação da sentença dos dirigentes do PT.
  • Revogar o fator previdenciário e as reformas da previdência, restabelecer o valor das aposentadorias. Cancelar todas as desonerações fiscais e taxar as grandes fortunas. Aposentadoria integral, pública e solidária, com 35 anos de trabalho.
  • Fim imediato do financiamento público a toda a imprensa burguesa (jornais e revistas) feitos através dos anúncios de publicidade estatais. Como jornais políticos que são, que vivam do financiamento que receberem de seus apoiadores. Nenhum recurso público para a imprensa burguesa.
  • Estatizar a Rede Globo, que é concessão pública e abri-la para os movimentos sociais. É público e notório que a Globo construiu-se sob o manto da ditadura e com dinheiro público, sonega impostos e deve mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. Estatizar todas as redes, TVs e rádios religiosas, de qualquer confissão. O Estado é laico e os serviços públicos devem ser laicos e democráticos. Basta de um serviço público, as concessões, ser utilizado permanentemente para tentar fraudar eleições e manipular a população.
  • Fim das privatizações dos portos, aeroportos e rodovias. Cancelamento dos leilões de petróleo e do Campo de Libra. Todo petróleo (do poço ao posto) para uma Petrobras 100% estatal. Reestatização das empresas e serviços públicos privatizados.
  • Para acabar com a corrupção, prática burguesa inseparável do apodrecimento do capitalismo e que se desenvolve sem parar em todas as áreas do Estado capitalista, estabelecer o controle dos trabalhadores sobre a gestão de todas as estatais e serviços públicos, com representantes eleitos pelos próprios trabalhadores, com direito de veto e ampla publicidade.
  • Cessar imediatamente qualquer perseguição policial, judicial, repressão e criminalização dos movimentos sociais. Colocar o governo a apoiar política e materialmente a luta contra todas as perseguições aos movimentos sociais. Anistiar por decreto presidencial todos os perseguidos e condenados políticos. Apoiar o PL de Anistia nº 7.951/2014, em tramitação no Congresso Nacional.

Para o presidente do PT de Joinville, vereador Adilson Mariano, a retirada da CNB e da OT da reunião significa um verdadeiro ato de sabotagem política, inaceitável em qualquer momento, mas muito mais agora depois do resultado eleitoral de outubro, que demonstrou um verdadeiro castigo imposto ao PT.

Para Mariano, o resultado eleitoral para a presidência e para deputados, com perda expressiva de mandatos, é a comprovação de uma clara sanção que trabalhadores e jovens dão ao PT com sua política de alianças e de colaboração de classes. Os membros da CNB e da OT negam-se a discutir e refletir sobre esta conclusão.

Para os membros do diretório que ficaram na reunião de sábado, a atitude destas correntes inviabiliza o funcionamento normal das instâncias do PT. Com este tipo de comportamento, sempre que estes grupos não estiverem de acordo com a pauta da reunião, impedirão a discussão com a retirada do quórum. “Com sabotagem e boicotes não dá para continuar”, desabafaram militantes.

Diante disso, os membros da EM renunciarão a seus cargos no Diretório Municipal. Eles acentuam que não podem ficar submetidos a manobras e artimanhas dos burocratas, que abandonaram o combate pelas reivindicações da classe e se utilizam do PT para manter a coalizão com os partidos da burguesia, ignorando a advertência recebida nas urnas.

No entanto, eles continuarão filiados ao partido. “A EM continuará a fazer o trabalho que sempre fez entre a base do PT, mas fora do Diretório Municipal, que agora ficará sob a responsabilidade dos sabotadores”, disse Mariano. “Neste momento estamos renunciando aos cargos, mas com a disposição de colocar todas as energias, como sempre fizemos, no dia a dia da luta dos trabalhadores”.

A partir de agora, a EM colocará todas as suas energias na construção de uma Frente da Esquerda Unida, para reunir e organizar todos aqueles que desejam continuar lutando pelas reivindicações da classe trabalhadora e da juventude. 

Este é o chamado da Esquerda Marxista.