Debate com revolucionário palestino lota auditório em São Paulo

90 pessoas superlotaram o auditório da Livraria Marxista, em São Paulo, para participar do debate com Abdel-Al Marwan, membro do Birô Político da FPLP (Frente Popular pela Libertação da Palestina) organizado pela Esquerda Marxista, PCB e MST.

Na noite desta quinta-feira, 20/02/2014, cerca de 90 pessoas superlotaram o auditório da Livraria Marxista em São Paulo para participar do debate com Abdel-Al Marwan, membro do Birô Político da FPLP (Frente Popular pela Libertação da Palestina). Organizado pela Esquerda Marxista, PCB e MST, o debate contou com inúmeros sindicalistas, representantes de movimentos e organizações de esquerda no plenário. Na mesa, o companheiro Jadallah Safa, da comunidade palestina no Brasil, fez a tradução.

Abrindo o debate, o camarada Caio Dezorzi, em nome da Esquerda Marxista e da CMI (Corrente Marxista Internacional), condenou a política de aplicação dos Acordos de Oslo em que em mais de 20 anos os dirigentes da Autoridade Palestina não cessaram de fazer concessões ao sionismo enquanto o massacre de palestinos e a tomada de suas terras continuava. Explicou ainda que não pode haver solução para a questão palestina com a manutenção do Estado religioso de Israel e sem a garantia do direito de retorno de todos os refugiados às suas casas – e que, portanto, a política de dois estados não é saída para os palestinos. Defendeu ainda que a luta pela causa palestina está intrinsecamente ligada à luta contra o capitalismo e, portanto, só uma revolução socialista não só na Palestina, mas em todo o Oriente Médio, poderá resolver a questão de maneira duradoura.

Ernesto Pichler, do PCB, fez uma saudação trazendo a solidariedade de seu partido a Marwan e a todo o povo palestino.

Já o companheiro Marcelo Buzetto, da Secretaria de Relações Internacionais do MST, ressaltou a importância de uma atividade organizada com essa configuração EM(CMI)+MST+PCB e disse que devemos ampliar esse leque, promovendo atividades conjuntas e organizando não só a vinda de companheiros como Marwan da Palestina para o Brasil, como também o envio de delegações brasileiras à Palestina, como faz anualmente a Via Campesina.

Com sua experiência e engajamento militante, Abdel-Al Marwan expressou as posições da FPLP e retratou um panorama da atual situação dos palestinos. Reafirmou que a Frente Popular para a Libertação da Palestina é uma organização de esquerda e socialista, na luta pela libertação do povo palestino e que esta luta está ligada ao socialismo e a unidade dos palestinos e dos grupos que lutam contra o sionismo em Israel. Afirmou que a causa não se trata da luta entre Israel e Palestina, mas sim da luta de classes, numa busca progressista e democrática, e por isso não cabe apenas à Palestina, mas a todo o Oriente Médio. Abordou ainda o tema Primavera Árabe: “não concordo com o termo ‘primavera árabe’ porque as mudanças resultam do ano inteiro, das quatro estações. Democracia não é só eleições, mas também a situação econômica e a participação dos cidadãos, o que não acontece atualmente no Egito ou Tunísia”. Disse que as eleições nestes países serviram para frear a revolução. Citou o exemplo do Egito onde, segundo ele, a vitória da Irmandade Muçulmana foi um retrocesso: “a revolução deve ser feita pelo povo e tem como objetivo melhorar as condições sociais, econômicas e culturais do povo. E um governo da Irmandade Muçulmana é um retrocesso. Assim, como dos seus congêneres na Tunísia”. Afirmou que só a luta do povo unido pelo direito de todos viverem com liberdade e com direitos iguais sobre o território histórico da Palestina vai pôr fim à terrível situação criada pelo imperialismo e o sionismo.

Durante todo o debate foi também unânime a defesa inalienável do Direito de Retorno de todos os Refugiados palestinos ao seus lares na Palestina. Um excelente clima político de debate animou todos os presentes na atividade internacionalista que abordou diversos outros temas como a questão do Boicote a Israel assim como dos incessantes acordos comerciais e industriais na área de armamentos e segurança que o governo Dilma tem feito com Israel. Inclusive comprando de Israel armamentos e carros de combate para usar contra os manifestantes brasileiros. Foi mencionado também que o Governo Tarso do Rio Grande do Sul tem acordos com empresas israelenses para construir um complexo industrial-militar no extremo sul do Brasil.

O camarada Caio ainda disse que “longe da proporção que teve a expulsão de centenas de milhares de famílias de palestinos de suas casas, hoje no Brasil, algumas centenas de famílias experimentam tragédia parecida, quando são expulsas de suas casas, às vezes para dar lugar à construção de um estacionamento de um estádio para a Copa do Mundo, e a única coisa que lhes resta é a chave de sua casa demolida. Por isso, enquanto o capitalismo continuar existindo, toda a humanidade está sob ameaça! O futuro capitalista da humanidade é uma Faixa de Gaza mundial. Por isso hoje a luta dos palestinos é literalmente a luta dos trabalhadores em todo o mundo!”

Todos saíram com a certeza de que este debate deve continuar e que em 15 de maio, quando se comemora a “Al Nackba” (Tragédia, em árabe), que é a data da criação do Estado sionista e racista de Israel sobre a terra palestina e o início de um massacre que já dura 66 anos, devemos realizar atividades conjuntas para levar ainda mais aos trabalhadores e à juventude brasileira a luta pela causa palestina!

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Mais textos sobre o tema:

“Fórum Social Mundial Palestina Livre: para avançar há que romper com os Acordos de Oslo!”: https://www.marxismo.org.br/content/forum-social-mundial-palestina-livre-para-avancar-ha-que-romper-com-os-acordos-de-oslo

“Palestina Livre, só com o fim de Israel! Luta pela Palestina Livre, só com independência política e financeira!” https://www.marxismo.org.br/content/palestina-livre-so-com-o-fim-de-israel-luta-pela-palestina-livre-so-com-independencia