Crise e Perspectivas

Reformistas e centristas querem ‘regular’ o funcionamento do anárquico sistema capitalista. Outros vêem a 3ª Guerra Mundial se aproximando. Os marxistas analisam a situação e as perspectivas concretamente.

A atual crise destruirá imensas forças produtivas. Um enorme sofrimento está sendo imposto à classe trabalhadora, à juventude, aos povos do mundo. Desta vez as guerras provocadas pelo imperialismo vão continuar, mas não vai acontecer nenhuma Guerra Mundial. Nenhum imperialismo ou blocos dos imperialismos secundários podem enfrentar os Estados Unidos, nem militar nem economicamente, sem se autodestruir. Ao contrário da Crise de 1929, esta não vai acabar em Guerra Mundial.

Os Estados Unidos não podem atacar os outros imperialismos (Alemanha, França, Inglaterra, Japão, e outros menores) sem se destruir economicamente e provocar uma rebelião dentro de casa. Sua economia é mundial e tem ramificações e interesses em todo o mundo hoje. Uma guerra com a China seria uma dupla loucura. Além do tamanho da China seria preciso encontrar uma boa razão para os EUA bombardearem suas próprias fábricas e negócios instalados em profusão naquele país.

A burguesia mundial está abalada política e moralmente. Só tem unidade para tentar salvar o capital através da ação do estado e do dinheiro público. Uma crise séria entre os governos imperialistas estabeleceria pânico total nas finanças e na economia mundial.

A burguesia não conta mais com aparatos poderosos no interior da classe operária – como foram na sua época os PCs e os PSs – para paralisar e desviar a luta de classes em cada um desses países, como aconteceu ao final da II Guerra Mundial.

Uma longa e difícil recomposição das forças operárias

Esta crise chegou quando a classe operária já estava em franca recuperação de suas forças após 20 anos dos ataques iniciados por Reagan e Thatcher. A classe operária reage hoje fazendo soprar um vento revolucionário que começou na América Latina (com Venezuela em primeiro lugar), mas que percorre o mundo.

A situação internacional obriga o imperialismo a praticar as “pequenas guerras”, como Iraque ou Afeganistão. Mas, estas não podem impulsionar a economia de armamentos o suficiente para restabelecer o equilíbrio da economia capitalista. E eles sabem que uma crise causada pela guerra pode acabar facilmente em revolução.

A crise se resolverá, na ausência de um partido revolucionário, como sempre é resolvida pela burguesia: com a destruição de enormes forças produtivas e com a ampliação da exploração da classe trabalhadora. Afundando no abismo do fechamento de fábricas, destruição de serviços públicos, desemprego, arrocho, dor e sofrimento, a humanidade vai passar por um mar tenebroso e emergir após certo tempo, outra vez, banhada num mar de sangue e suor da classe operária. Este ciclo infernal se repetirá enquanto a classe operária não realizar a tarefa que é só sua: liquidar este regime e seu Estado.

Mas, para isso é preciso construir os instrumentos adequados à tarefa.

A crise aumenta a resistência e desperta as consciências

Cada novo ascenso das lutas operárias vai colocar à prova os dirigentes e burocratas do movimento operário. Não é por outra razão que pipocam em todo o mundo greves com ocupações de fábricas, inclusive na Inglaterra, Estados Unidos e Canadá. Os freios da burocracia sindical e política estão gastos. Novas gerações de trabalhadoras se incorporaram nestas últimas décadas ao exército proletário e estes não têm sobre si nem as derrotas do passado nem as mesmas ilusões nos velhos dirigentes. As novas gerações deverão forjar suas novas direções elas mesmas.

Os marxistas têm este objetivo. Os marxistas sabem que as novas gerações proletárias construirão com grandes dificuldades seus novos dirigentes, e o certo é que sustentarão suas organizações de massa até o limite de sua paciência e que construirão suas novas direções combatendo neste terreno. O caminho será necessariamente longo. Afinal, novos quadros revolucionários marxistas não se constroem em dias ou messes. É um trabalho de anos.

A revolução mundial – isto é: a destruição do capitalismo, a concentração das energias revolucionárias do proletariado e sua organização em força agressiva e vitoriosa – exigirá um período muito longo de combates revolucionários.

O centro é a construção da Esquerda Marxista

Nestas circunstâncias é central explicar aos trabalhadores que a crise vai se aprofundar, forças produtivas imensas serão destruídas, mas ao final de certo tempo, impossível de prever hoje, a economia capitalista se porá outra vez em marcha. E os regimes burgueses conhecerão outra vez o equilíbrio, mesmo que instável nesta época de convivência entre revolução e contra-revolução.

O capitalismo mesmo em agonia mortal não morrerá sozinho. Ele precisa ser derrubado por um partido marxista, o partido do futuro da humanidade. Hoje, este partido ainda não existe no mundo. Mas ele se constrói com base na experiência do movimento operário revolucionário e nos métodos do verdadeiro marxismo.

Nesta situação é que os marxistas revolucionários devem intervir para construir a corrente operária revolucionária com influência de massas que porá fim ao regime de crises, guerras e sofrimento baseado na propriedade privada dos meios de produção.

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