Crise e nacionalismo

Junto com a crise econômica, ganha força na Europa posições nacionalistas e separatistas. Isso ficou evidente na vitória apertada do “não” à separação da Escócia do Reino Unido com 55,3%.

Na Catalunha, região do Estado Espanhol, gigantescas manifestações reivindicam a separação. O movimento pela independência do País Basco também se reforça.

Junto com a crise econômica, ganha força na Europa posições nacionalistas e separatistas. Isso ficou evidente na vitória apertada do “não” à separação da Escócia do Reino Unido. 55,3% dos escoceses votaram contra a separação e 44,7% a favor.

Na Catalunha, região do Estado Espanhol, gigantescas manifestações reivindicam a separação. O governo da Catalunha convocou um plebiscito sobre a questão para 9 de novembro. Cresce também o movimento pela independência do País Basco.

Tanto nos casos da Espanha, quanto no caso da Escócia, o que está por trás é que os diferentes governos estão aplicando a austeridade sobre os direitos dos trabalhadores e dos jovens, estão destruindo o sistema de ensino, de saúde, de direitos sociais. Assim, velhas reivindicações – ensino do idioma, publicação de livros, liberdade de pesquisa sobre a história, etc. – se juntam aos problemas mais sentidos do povo e são explorados por uma parcela da burguesia ávida em colher os despojos que uma separação poderá gerar, tanto em termos de um controle estatal, como de maior exploração, eliminação de rivais, indústria armamentista, etc.

A maioria das nações modernas nasceu com o capitalismo. Foi o desenvolvimento do capitalismo que construiu os laços entre as diferentes cidades que cresciam, entre as diferentes burguesias que então dominavam estas cidades em oposição aos senhores feudais e que levou no final à “unificação” das nações, unificando e controlando um determinado mercado em comum acordo (ainda que este “acordo” tenha sido obtido através de uma série de guerras e revoluções que marcaram a ascensão da burguesia e a derrocada final do feudalismo).  Para poderem desenvolver este mercado, impuseram a unificação do idioma, do sistema de escrita, de medidas, etc.. Sem isso, as dificuldades das transações comerciais continuariam.

Entretanto, essa unificação forçada manteve em determinados países uma opressão a grupos nacionais minoritários. A crise do capitalismo faz o povo buscar por alternativas. O separatismo e o nacionalismo são falsas saídas apresentadas para iludir os trabalhadores.

No referendo da Escócia, os marxistas se posicionaram pelo voto “não”. Como a seção britânica da CMI explicou “uma Escócia separada levaria a uma divisão da classe trabalhadora e colocaria os trabalhadores em concorrência direta. A Escócia “amiga dos negócios” proposta pelo SNP buscaria assegurar os negócios da Inglaterra e a concorrência entre os trabalhadores levaria a uma degradação dos salários em ambos os lados da fronteira”.

Nós, como Lenin, repetimos: defendemos o direito de cada povo, de cada nação, à sua autodeterminação. Mas analisamos cada caso concreto, lembrando sempre que os interesses do proletariado são muito distintos dos interesses da burguesia, quaisquer que sejam suas frações. Em todos estes movimentos, lembramos que uma vida melhor e mais digna, neste momento de crise econômica e social, só pode ser conquistada com a unidade da classe trabalhadora mundial, a revolução e o socialismo.