Congresso polêmico decide sobre movimento estudantil em SC

35º Congresso da UCE elege nova diretoria em meio a denúncias de golpe e confusões na eleição

Por uma diferença de três votos, 69 a 66, a chapa “Transformar o Sonho em Realidade”, impulsionada pela União da Juventude Socialista (UJS) aliada a Articulação de Esquerda do PT (AE) foi eleita como direção da União Catarinense dos Estudantes (UCE). A chapa derrotada, impulsionada pela Articulação Estudantil (misto de membros da Construindo um Novo Brasil do PT, Esquerda Socialista do PT, DEM, PP, independentes), denunciou que o processo eleitoral foi um golpe e que a chapa eleita fugiu com as urnas, pois nelas haveriam crachás de votação sem assinaturas.

Uma terceira chapa foi organizada por uma articulação de forças: Juventude Comunista Avançando (JCA), Contra-Ponto e outras forças menores. Ela se inscreveu, utilizou a palavra e se retirou da lista para voto como forma de protesto a forma como o congresso ocorreu.

O 35º Congresso da UCE aconteceu nos dias 11 e 12 de junho em Jaraguá do Sul. Cerca de 160 delegados compareceram. O evento contou com oito mesas de discussão e teve como objetivo eleger a nova direção da entidade estudantil para a gestão de dois anos.

Avaliação do Congresso da UCE

Os temas centrais para a organização dos estudantes não tiveram uma sistematização eficiente. As discussões acabavam como começavam, sem pretender tirar questões práticas. A plenária final, marcada para as 9 horas, iniciou perto das 16 horas. Os delegados ficaram sem almoço no dia da plenária. A refeição que passou a ser a janta foi abandonada na confusão de denúncias, fuga de carros, gritos e empurrões.

A despolitização foi um traço marcante do evento. Resultado do desinteresse da direção da entidade em organizar o movimento estudantil em Santa Catarina. Denúncias feitas pela JM e diversas outras forças políticas constataram que isso também é um reflexo do processo de tiragem de delegados. Segundo denúncias feitas, houve fraude na eleição em instituições de ensino, como na Universidade da Região de Joinville (Univille).

Nas oito mesas de discussão organizadas, os debates centrais para o fortalecimento do movimento estudantil foram negligenciados pela coordenação da atividade. O debate “Movimento Estudantil” foi organizado de improviso pelos próprios participantes do congresso, que não aceitaram o descaso com o tema e durou somente 30 minutos.

O tema “Sistema Acafe” foi suprimido e coube aos delegados da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul ) convocar uma plenária não oficial, após o jantar de sábado, para garantir que o assunto fosse abordado. Mais de 60 delegados participaram do debate que durou cerca de três horas, tornando-se a mais bem sucedida discussão sobre o que fazer no movimento estudantil. A iniciativa dos estudantes obrigou a direção da UCE a reconhecer a atividade como mesa de debate.

Atuação da Juventude Marxista

A Juventide Marxista (organização de juventude da Esquerda Marxista do PT) absteve-se do voto na plenária final, pois entendeu que as chapas que disputavam a direção da UCE não possuíam propostas que representassem um compromisso verdadeiro com o movimento estudantil.

Propostas comprometidas com os mais de 200 mil estudantes universitários de Santa Catarina devem defender propostas como: educação pública, gratuita, de qualidade e para todos; organização das entidades estudantis; passe-livre; e outras lutas que correspondam ao verdadeiro anseio da juventude.

No Congresso, a chapa que melhor expressava essa proposta foi a que se retirou do pleito.

A abstenção da JM ocorreu pela falta de identidade e propostas das outras chapas, que estavam mais interessasdas em conseguir cargos que organizar a luta dos estudantes.

A chapa “Transformar o Sonho em Realidade” pressionou os delegados da JM para votarem nela. Tentaram responsabilizá-los por uma possível vitória da chapa que reunia elementos conservadores. A JM compreende que uma disputa tão acirrada é resultado do desinteresse dessas forças políticas em construir as bases e a força do movimento estudantil para as lutas dos estudantes catarinenses.

Tarefas após o congresso

De volta as salas de aula, a JM pretende debater os resultados do congresso com os estudantes. Nós convidamos todo o jovem, estudante e força política comprometida com a causa estudantil a estabelecer o diálogo conosco e construir uma unidade nas lutas e combates estudantis em toda cidade, universidade e faculdade.

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