Conferência Nacional da Esquerda Marxista lança boletim semanal e decide tarefas para o próximo período

Durante os dias 29, 30 e 31 de março, em Santa Catarina foi realizada uma Conferência Nacional da Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional. Contando com cerca de 130 militantes (entre delegados e convidados), todas as atividades se realizaram em clima de respeito, democracia, revelando alto nível nos debates, o que reflete o fortalecimento dos marxistas no último período.

A Conferência teve como meta avaliar as medidas adotadas no 29º Congresso da Esquerda Marxista que foi realizado em abril do ano passado, aprofundar a análise da nova situação que está se abrindo na conjuntura política, traçar novos objetivos de construção e os meios adequados para continuar a intervir na luta pelo socialismo, o que pressupõe a construção de uma organização implantada na vanguarda da classe operária e na juventude.

No dia 29, realizaram-se os Encontros da Juventude Marxista e da Corrente Sindical Esquerda Marxista como preâmbulo da Conferência que se realizaria durante os dois dias seguintes.

O objetivo destes eventos foi o de discutir a conjuntura política internacional e nacional, debater a situação da luta de classes, as lutas estudantis, da juventude e sindical e fixar objetivos e metas para a intervenção dos marxistas com o intuito de construir a Esquerda Marxista, auxiliando os jovens e os trabalhadores em suas lutas.

O Encontro da Juventude Marxista debateu a luta por educação pública e gratuita para todos em todos os níveis, a luta contra os aumentos de tarifa e por Passe-Livre Estudantil e Tarifa Zero, além de avaliar nosso desenvolvimento no Movimento Estudantil nacional e traçar objetivos para os congressos da UNE e da UBES que ocorrerão em 2013.

Uma questão central debatida pelos jovens foi a criminalização do Movimento Estudantil expressa principalmente nos processos contra os 72 estudantes da USP que ocuparam a reitoria em 2011 e agora estão sendo acusados de “formação de quadrilha”. A partir dos DCEs dirigidos por militantes da JM, preparamos uma campanha nacional de frente única sobre esta questão.

Já o Encontro Sindical, que ocorreu concomitantemente ao Encontro de Juventude, também debateu a criminalização dos movimentos sociais, em particular o absurdo jurídico que fizeram da Ação Penal 470, mais conhecido como julgamento do Mensalão. Mas não parou por aí. Os camaradas têm claro que não é apenas a sanha de criminalização que ataca o movimento sindical: foi debatida a situação da CUT e Sindicatos que estão sendo submetidos a fortes ataques por parte da burguesia com muitos dirigentes defendendo medidas tripartites e de conciliação: desonerações, Acordo Coletivo Especial, abandonando o estatuto original da CUT que dizia defender o socialismo e a independência de classes.

Fiat Pomigliano – Itália

Ainda no dia 29, pela noite, o camarada Alessandro Giardiello, dirigente da seção italiana da CMI FalceMartello) e da Refundazione Comunista, falando em nome do Secretariado Internacional da Corrente Marxista Internacional, expôs a situação política da Itália, destacando a luta que travam os companheiros da Fiat em Pomigliano onde a empresa lançou contra os trabalhadores ações de demissões em massa, proibiu a existência e a atuação do sindicato no interior da fábrica, o que desencadeou uma luta de solidariedade que agora se estende para uma campanha Internacional em defesa dos trabalhadores, em defesa da existência sindical dentro da fábrica. A Esquerda Marxista fará uma campanha no Brasil em solidariedade militante com os companheiros da FIAT de Pomigliano.

A Situação mundial

Na manha do dia 30, a Conferência é aberta com todos os presentes cantando o hino da Internacional Comunista, aprovação da mesa e ordem do dia.

Antecedida por este clima vibrante e internacionalista, o camarada Alessandro inicia sua fala que por mais de uma hora expos de maneira brilhante os principais traços da situação mundial, em especial na Europa.

A burguesia tenta todas as medidas para salvar o capital, o problema é que, cada medida, só faz concentrar mais riquezas nas mãos de poucos, ampliando as desigualdades, a pobreza e aprofundando a crise no próximo momento. O Estado concentra esforços em salvar os negócios das empresas e dos bancos, mas para fazer isso, tem que cortar direitos e estrangular as organizações, sufocar as lutas. Giardiello explicou o caráter das lutas na Espanha, Grécia e Itália, o profundo sentido de solidariedade que despertou a Marcha dos Mineiros de Astúrias. Explicou a radicalização das lutas operárias e da juventude que vai ganhando corpo na Inglaterra, na França, no Canadá e nos EUA. Em todos os casos a tarefa central é a construção e implantação das organizações marxistas. A crise capitalista mundial, sua evolução coloca a vanguarda operária e a juventude mais abertas às ideias marxistas.

Depois foram recolhidas dezenas de inscrições no plenário, um caloroso e frutífero debate foi realizado e a resposta de Alessandro clarificou ainda mais a rica análise feita, dando exata dimensão do período que se abre e qual o centro das tarefas dos marxistas.

 A Situação Nacional e tarefas

O camarada Serge Goulart expôs por mais de 1 hora os principais traços da situação econômica e política do Brasil.

Retomou brevemente os grandes traços da crise mundial e expôs que a situação vivida no Brasil abre um período onde as medidas de austeridade do governo Dilma, serão cada vez mais duras contra as conquistas dos trabalhadores e que com o aprofundamento da crise e a sua entrada de maneira efetiva e direta no país, em um quadro onde os reformistas não podem mais oferecer nenhuma concessão, a juventude e os trabalhadores tendem a se colocar em movimento e nesse processo entrarão em choque com as direções, acelerando e agudizando a luta de classes.

A tarefa dos marxistas é de se prepararem para, combatendo na linha da Frente Única e da Revolução Permanente, ocuparem seu pleno papel, junto a outros grupos e correntes que começam a se desgarrar das direções tradicionais, junto à vanguarda dos trabalhadores e da juventude, para avançarmos na defesa das organizações sindicais e políticas que se coloquem a tarefa da construção do socialismo.

Diante da recusa da direção do PT, e dos próprios condenados pela farsa do Mensalão de se defenderem, defenderem o PT e a CUT, a Esquerda Marxista deverá prosseguir a campanha de Frente Única contra a criminalização, condenação e assassinatos de dirigentes sindicais, do MST, do Movimento das Fábricas Ocupadas, dos Sindicatos, da CUT e do Movimento Popular.

Continuaremos nosso combate, por nossa construção na juventude e no movimento operário, dando-nos os instrumentos necessários para a intervenção no cotidiano e para nossa formação e diálogo com vários setores que hoje começam a romper com as direções tradicionais: o Boletim semanal Foice e Martelo e o Jornal Luta de Classes, bimestral, que somados à Revista América Socialista, com a qual estamos realizando nossa Campanha Financeira, constituirão os instrumentos indispensáveis para a nossa construção no próximo período, sob a exigência da ruptura da direção do movimento operário com a burguesia.