Capitalismo mata: Uma criança morre de fome a cada cinco segundos

O ultimo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirma que a produção mundial de alimentos, no atual estágio de desenvolvimento, poderia alimentar normalmente 12 bilhões de pessoas com 2,2 mil calorias por adulto, em média. Ou seja, garantiria comida para o dobro da população do planeta, caso a produção fosse voltada para acabar com a fome. Mesmo assim, uma criança com menos de 10 anos morre de fome a cada cinco segundos. 57 mil pessoas morrem por dia e um bilhão dos sete bilhões que somos sofre de subnutrição grave, permanentemente, com mutilações. 

O ultimo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirma que a produção mundial de alimentos, no atual estágio de desenvolvimento, poderia alimentar normalmente 12 bilhões de pessoas com 2,2 mil calorias por adulto, em média. Ou seja, garantiria comida para o dobro da população do planeta, caso a produção fosse voltada para acabar com a fome. Mesmo assim, uma criança com menos de 10 anos morre de fome a cada cinco segundos. 57 mil pessoas morrem por dia e um bilhão dos sete bilhões que somos sofre de subnutrição grave, permanentemente, com mutilações. 
 
Isso afirma o sociólogo suíço, Jean Ziegler autor do livro Destruição em Massa Geopolítica da Fome, da Cortez Editora, em entrevista a revista Caros Amigos. Ziegler foi relator especial da ONU sobre o direito à alimentação e em sua obra ele mostra que absurdamente o mundo produz alimentos suficientes para o dobro da população mundial, enquanto milhares morrerem de fome. 
 
Segundo ele, as causas dessas mortes são de responsabilidade da ditadura mundial das oligarquias do capital financeiro globalizado. “No ano passado as 500 maiores sociedades transcontinentais detinham 52,8% do PIB mundial, segundo o anuário do banco mundial”. Dessas empresas, dez grupos são de alimentos. Eles controlavam 85% de toda a comida negociada no mercado mundial. Entre as empresas estão Cargill, Bunge, Nestlé, Dreyfus, Archer (Daniels) Midland. 
 
A Nestlé recentemente criou polêmica, por seu presidente ter declarado que a água deveria ser privatizada.  O austríaco Peter Brabeck Letmathe, presidente do grupo desde 2005, afirma que a privatização do fornecimento da água é necessária para que a sociedade tomasse consciência de sua importância e acabássemos com o subpreço que se produz na atualidade. 
 
A empresa é a líder mundial na venda de água engarrafada. Um setor que representa 8% de seu capital, que em 2011 totalizaram aproximadamente 68,5 bilhões de euros. Ele ainda defende que os governos devem garantir que cada um disponha de cinco litros de água diária para beber e outros 25 litros para sua higiene pessoal. O excesso seria gerido por critérios empresariais. 
 
Essa informação é importante, pois se a gestão proposta se der pelas grandes corporações privadas for semelhante à gestão de alimentos, podemos ter um massacre ainda maior da população mundial. Afinal, nenhum deles está interessado em acabar com a fome ou sede, mas nos cifrões que aparecem a cada registro no caixa dos supermercados. 
 
A Cargill, por exemplo, detém 31,2 % de todo o trigo comercializado no mundo. Ela detém os meios de transportes, silos para armazenar e etc. Segundo Ziegler, “eles dominam a formação do preço naturalmente, a cada dia, quem vai passar fome. O problema é de acesso”.  Ele também destaca que há uma monopolização extraordinária na produção dos alimentos na base, na produção de sementes e adubos, como a Monsanto. “São seis empresas que dominam praticamente 90% do setor”. 
 
O sociólogo destaca que o principal problema da fome no mundo é as pessoas não terem renda para comprar alimentos. Segundo ele, programas como a Bolsa Família no Brasil, ajudam a reduzir o número de vítimas da fome, que hoje são de 13 milhões em nosso país. “Agora esses 13 milhões de seres humanos que vivem na pobreza não vão mudar muito. É difícil porque muitas dessas pessoas não têm sequer documentos e, portanto, não podem nem acessar a Bolsa Família. Para essas pessoas, em um país poderoso como o Brasil, não basta o bolsa família. São necessárias reformas estruturais, como a reforma agrária…”. Embora tais políticas somente mascarem o problema e não resolvam o problema que é o sistema. 
 
Por isso, quando os marxistas afirmam que o capitalismo é um sistema de morte, eles não estão exagerando. A humanidade perde 1% da sua população a cada ano. Isso significa que no ano passado mais ou menos 70 milhões de pessoas morreram por diversos motivos, mas dessas 18,2 milhões morreram por fome. Para barrar esse massacre é preciso mudar a lógica desse sistema. Ao invés das corporações lucrarem com a morte de milhões, teríamos empresas públicas dedicadas ao bem comum, uma sociedade socialista. 
 
* Adilson Mariano é vereador da Esquerda Marxista no PT de Joinville