Camarada Hélio, presente!

Na manhã desta quarta-feira (21/2) perdemos o camarada Antônio Hélio Pereira, conhecido por muitos com o pseudônimo de “José Trincheira”, após uma luta de dois anos contra um câncer. Ele faleceu por volta das 9 horas, em Jaraguá do Sul, onde vivia, deixando três filhos e uma história de luta inspiradora. A data de sua morte é também o dia em que se celebra 170 anos da publicação de O Manifesto Comunista, de Marx e Engels, obra que certamente o inspirou a dedicar a vida à construção de uma sociedade sem classes sociais.

Hélio tinha 61 anos e dedicou quase quatro décadas à luta socialista. Era natural de Itajaí e militou no movimento estudantil desde o fim da década de 1970. Participou da fundação do DCE da Fepevi, hoje Univali, da luta contra a ditadura e da fundação do Partido dos Trabalhadores. Ao longo de sua trajetória conquistou amigos e camaradas de toda uma vida, entre ele os militantes da Esquerda Marxista Chico Lessa, Cynthia Pinto da Luz, Serge Goulart e Luiz Gustavo Rupp. Foi professor de língua portuguesa e trabalhou como jornalista em diversos sindicatos. Um dos principais trabalhos de sua vida foi a assessoria de comunicação das Fábricas Ocupadas, tarefa a qual se dedicou com todo o coração, ajudando a combater pelo êxito de uma das maiores experiências da luta operária brasileira. Nas Fábricas e em toda a sua carreira, este militante socialista levou a sério o pensamento marxista sobre a imprensa: “(…) de uma vez por todas, é o dever da imprensa tomar a palavra em favor dos oprimidos à sua volta” (Karl Marx em Liberdade de Imprensa).

Hélio (ao centro) durante atividade política em frente à fábrica ocupada Cipla, em Joinville (SC)

Hélio era dono de uma humildade que deve ser um exemplo para todos. Possuía uma inteligência aguda e um profundo ódio de classe contra a burguesia, que não o impedia de estar sempre sorridente. Nunca faltou quando a luta de classes dele precisou.

Em seu perfil do Facebook, Hélio se definia como “jornalista, professor, militante marxista…” e em suas citações favoritas comprovamos sua formação trotskysta e leninista, assim como sua inquebrantável convicção no partido revolucionário e na revolução comunista:

“Ela virá. A Revolução conquistará para todos o direito, não somente ao pão mas, à poesia.” Leon Trotsky

“… seguimos por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. De todos os lados, estamos cercados de inimigos, e é preciso marchar quase constantemente debaixo de fogo. Estamos unidos por uma decisão livremente tomada, precisamente a fim de combater o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes desde o início nos culpam de termos formado um grupo à parte, e preferido o caminho da luta ao caminho da conciliação. Alguns dos nossos gritam: Vamos para o pântano! E quando lhes mostramos a vergonha de tal ato, replicam: Como vocês são atrasados! Não se envergonham de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor! Sim, senhores, são livres não somente para convidar, mas de ir para onde bem lhes aprouver, até para o pântano; achamos, inclusive, que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém, nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra liberdade, porque também nós somos “livres” para ir aonde nos aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para lá se dirigem!” Lenin

Grandes revolucionários, que fazem a real diferença na luta de classes, demoram anos para serem formados. Hélio é uma perda imensurável para sua família e para toda a classe trabalhadora. Solidarizamo-nos com sua família e amigos neste momento de dor.

A história deste camarada deve inspirar os jovens militantes. As gerações e a força para lutar por um mundo sem explorados e sem exploradores renovam-se. Continuaremos o seu legado.

Camarada Hélio, presente!