Camarada Caverna, presente!

Perdemos, sábado, 4/10, nosso estimado camarada e amigo Luiz Gonzaga de Oliveira, o Caverna. Um militante leal e combativo, um operário dedicado à nossa causa e a defesa das fábricas ocupadas. Ele vive em nossas lembranças e em nosso combate pelo socialismo.

O camarada Luiz Gonzaga de Oliveira, mais conhecido por seus companheiros como Caverna, faleceu aos 58 anos de idade em Sumaré/SP. Rendemos aqui nossa homenagem a quem  esteve tantos anos conosco na luta dos trabalhadores e pelo socialismo.
 
O camarada Caverna trabalhou cerca de dez anos na empresa Cipla (em Joinville/SC) e experimentou, junto com os outros operários, o cúmulo do sofrimento da exploração assalariada quando, por várias vezes, o patrão atrasava o salário ou o pagava em doses homeopáticas. Rompendo com o imobilismo e o peleguismo da direção do sindicato, em 2002, ele participou da greve organizada por militantes da atual Esquerda Marxista e companheiros do PT e da CUT de SC.
 
Essa greve culminou na ocupação da fábrica e na retomada da produção sob comando dos próprios trabalhadores. Iniciava-se o que então ficou conhecido como Movimento das Fábricas Ocupadas, pois a partir daquele momento, os trabalhadores da Cipla conseguiriam estender a ocupação para outras duas fábricas do mesmo grupo econômico, cujos trabalhadores estavam enfrentando a mesma e difícil situação de ameaça de desemprego e não pagamento de salários e direitos: a Interfibra (também de Joinville/SC) ainda em 2002 e a Flaskô (Sumaré/SP) em junho de 2003.
 
Luiz sempre esteve na linha de frente dessa luta pela manutenção dos empregos e pelos direitos sonegados, participando das inúmeras Marchas à Brasília para reivindicar do governo Lula (e Dilma) a estatização das fábricas sob controle operário, como única maneira de preservar todos os postos de trabalho e a produção.
 
Ele também participou das dezenas de protestos contra as decisões judiciais de retirada de máquinas e equipamentos da Cipla e contra as ameaças de penhora de faturamento e outras medidas de execução fiscal motivadas por dívidas deixadas pelos patrões, como as ações do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que, afinal, serviram de desculpa para o que estava por vir.
 
Em 2007, o camarada Caverna também foi vitima da criminosa intervenção federal-policial que destituiu e demitiu os membros do Conselho de Fábrica da Cipla e nomeou um interventor para administrar a companhia. Sua demissão por “justa causa”, assim como de outros companheiros, foi revertida na Justiça do Trabalho posteriormente, mas ainda há camaradas respondendo processos judiciais por conta dessa escandalosa intervenção, que também se insere no bojo dessa onda de repressão e criminalização aos movimentos sociais que se aprofunda dia-a-dia. Mesmo assim, o camarada Caverna não se abateu e viajou horas a fio com uma delegação de trabalhadores demitidos da Cipla para ajudar a derrotar a intervenção – que buscava estender suas garras até Sumaré. Mas, dessa vez, sem mandato judicial e sem um aparato de segurança, o interventor foi expulso pelos operários da frente da Flaskô. 
 
Luiz seguiu trabalhando e resistindo ombro-a-ombro com os companheiros da Flaskô. Mesmo debilitado por questões de saúde e há menos de duas semanas de seu óbito, Caverna ainda participou de um protesto em frente à CPFL contra novas ameaças de corte de energia elétrica e de uma plenária das candidaturas a deputado federal e estadual que a Esquerda Marxista defendeu no estado de SP.
 
Além disso, é preciso lembrar que o camarada nunca se recusou a comparecer em vários combates da classe trabalhadora, seja na solidariedade à revolução venezuelana e no apoio às ocupações de fábrica pela América Latina, seja em eleições e greves sindicais, seja ainda nas lutas dos sem-terra ou dos sem-teto.
 
Por isso mesmo, durante seu velório e sepultamento, estiveram presentes ou enviaram saudações de solidariedade e condolências: MST, MTST, Dep. Estadual Tito (PT/Sumaré), vereador Adilson Mariano (PT/Joinville), vereador Roque Ferreira (PT/Bauru), ex-colegas de trabalho e de luta da Cipla e Interfibra, trabalhadores e militantes de fábricas ocupadas da Venezuela e Argentina, além de sindicalistas de vários estados do Brasil e de diferentes categorias e militantes de rádios comunitárias de SP.
 
Por iniciativa e permissão de seus filhos, Luiz Gonzaga de Oliveira, nosso camarada Caverna, foi sepultado com o crachá da Fábrica Ocupada Flaskô e sob a bandeira da Esquerda Marxista e vai viver eternamente nas nossas mentes e corações como um guerreiro da luta pela emancipação dos trabalhadores como obra dos próprios trabalhadores!

 

Na foto, em ato de artesãos ao lado do vereador Adilson Mariano e de Moacir Nazario, sofrendo repressão da polícia. 

Um abraço fraterno aos familiares e força aos trabalhadores da Flaskô. Nossa maior homenagem é seguirmos na luta contra a exploração capitalista.

Camarada Caverna, presente!