Burguesia dividida. É hora de avançar!

O governo Temer tenta se segurar propagandeando avanços na economia e acelerando a aprovação dos ataques à classe trabalhadora. Ontem sua base no Senado conseguiu aprovar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) o relatório da Reforma Trabalhista. O intuito é mostrar que este governo sem base social ainda tem alguma serventia aos amos capitalistas.

Em pronunciamento, Temer comemorou o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre do ano em comparação com o trimestre anterior, considerou este resultado “o renascimento da economia brasileira em bases sólidas e sustentáveis”. Será?

Mesmo os analistas burgueses são cautelosos e dizem que no máximo pode ser dito que a economia parou de piorar. Se compararmos o resultado atual com o mesmo trimestre do ano anterior, houve queda de 0,4%, e esse pequeno crescimento veio depois de mais de dois anos de queda.

O desemprego segue alto, são mais de 14 milhões de desempregados segundo o IBGE. O consumo das famílias e os investimentos privados seguem em queda. Nada indica “bases sólidas e sustentáveis” na economia.

A crise e as divisões na burguesia

Tamanha crise econômica reverbera na crise política. Um setor da burguesia, alinhado com o imperialismo dos EUA e sua linha de “faxina geral”, após dar um passo para pôr fim ao governo Temer com a ampla divulgação das delações e gravações dos empresários da JBS, viu-se num impasse pela inexistência de um nome de unidade nacional capaz de estabilizar a situação.

Há divisões na classe dominante em nível internacional que se expressam no Brasil. Isso pode ser visto nos editoriais dos principais jornais burgueses. O Globo pede a renúncia e eleições indiretas, a Folha defende a cassação via TSE e eleições diretas, o Estadão critica os abusos da Lava Jato e clama pela preservação da agenda econômica do governo atual.

DEM e PSDB estão divididos internamente entre permanecer ou desembarcar do governo. O próprio judiciário apresenta essas divisões, que podem ser vistos no julgamento da chapa Dilma-Temer em curso no TSE e nos recentes bate-bocas entre ministro do STF.

As direções reformistas e a posição dos marxistas

Foi formada uma Frente Ampla por Diretas Já, engolfando quase toda a esquerda. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, PT, PDT e PSOL, CUT, CTB, UGT e Intersindical, UNE, MST e MTST, além de outras diferente organizações, entidades e movimentos. Na nota desta frente eles dizem: “Só a eleição direta, portanto a soberania popular, é capaz de restabelecer legitimidade ao sistema político”. Nessa frase está todo o problema desta palavra de ordem. Novas eleições só podem ajudar o desmoralizado sistema a recobrar um pouco de legitimidade. Não por acaso uma fração da burguesia, como expressa o editorial da Folha de SP, defende a mesma saída.

Os reformistas não conseguem olhar para além da democracia burguesa. No caso do PT há um interesse claro: adiantar o Lula 2018 para 2017, aproveitando que ele aparece em primeiro lugar nas pesquisas. Mas um eventual novo governo Lula só poderá significar a continuidade da austeridade e das contrarreformas, o que deve enterrar de vez o PT politicamente e Lula como dirigente do movimento operário.

Os revolucionários marxistas olham além dos limites da democracia burguesa e buscam apontar o caminho necessário para a abolição do regime capitalista e a construção do socialismo. A saída não é lutar por mais eleições.

A Esquerda Marxista defende que diante da brutal falência das instituições burguesas, o papel da direção do movimento operário deveria ser o de explicar que só a auto-organização das massas pode abrir uma saída positiva para a classe trabalhadora.

É a luta unitária contra as reformas da previdência e trabalhista, da educação e a terceirização, contra o governo e o Congresso Nacional, por um governo verdadeiramente dos trabalhadores, que pode fazer a classe aproveitar-se das fissuras na classe dominante e ajudar a avançar sua luta.

Isto é o que expressou a Greve Geral de 28/4, a grande manifestação em Brasília em 24/5, e que deve se expressar na nova Greve Geral de 30/6. Apontamos que é insuficiente as greves gerais de 24 ou 48 horas, é preciso uma greve até a retirada de todos os ataques. De qualquer forma, estaremos participando e mobilizando para a greve de 30/6 e que ela extrapole as intenções das direções reformistas.

Para fortalecer o movimento de massas e organizá-lo, defendemos a necessidade de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, que reúna o movimento sindical, estudantil e popular, dando voz e voto para a base, para que esta ultrapasse o bloqueio das direções conciliadoras.

A instabilidade se aprofunda, a burguesia está em um impasse e a luta de classes esquenta. Nesta situação, só a mobilização dos trabalhadores independente da burguesia pode abrir uma saída. Agitamos o Fora Temer e o Congresso Nacional, defendemos um Governo dos Trabalhadores e explicamos a necessidade de uma Assembleia Popular Nacional Constituinte para abrir caminho para a revolução contra o sistema capitalista, suas instituições, seus partidos e seus lacaios.