Atos contra a Copa: faltam os métodos e as bandeiras corretas

No último sábado, dia 25 de janeiro de 2014, manifestantes iniciaram a série de atos contra a Copa do Mundo que ocorrerá no Brasil em junho de 2014.

No último sábado, dia 25 de janeiro de 2014, aniversário da cidade São Paulo, foi o dia escolhido pelos manifestantes para iniciar a série de atos contra a Copa Mundo que ocorrerá no Brasil em junho de 2014.

Mais uma vez, o ato foi marcado por centenas de policiais militares da Tropa de Choque, com a novidade de carros da Polícia Civil participando em conjunto com a PM, em repressão brutal contra os manifestantes, terminando com 128 presos.

A convocação foi nacional, mas o maior ato foi certamente na capital paulista, com aproximadamente 2 mil manifestantes.

As direções do PT e do PCdoB declararam que foi um ato do PSDB com nazistas, isso é falso, estavam presentes várias organizações de esquerda, jovens e pequenos grupos “independentes” que se formaram em junho, como o GAAP (Grupo de Apoio aos Atos Populares).

Era nítido um grupo de Black Block’s à frente e outro grupo formado pelas organizações políticas atrás. Os Black Blocs, com sua tática de enfrentamento, ataque a bancos e símbolos do capitalismo, etc, acabam distanciando a população das manifestações e criando os pretextos para a repressão.

O que também deve ser destacado nesse ato foi a falta de uma pauta concreta que unificasse os presentes e que possa se ampliar para o resto da sociedade.

Evidentemente, independente das divergências, repudiamos as prisões de manifestantes realizadas pela polícia e a brutal repressão, que fez várias vítimas, uma delas, inclusive, ferida com arma de fogo quando voltava da manifestação.

A Copa é um dos eventos esportivos mais importantes do mundo, o futebol movimenta montanhas de dinheiro, isso tudo torna a FIFA uma organização capitalista bastante influente. No Brasil, suas exigências têm gerado desde desapropriações de casas para construção de estádios e estacionamentos, até a aprovação de Leis que proíbem e criminalizam os manifestantes que realizarem atos no Brasil durante a Copa. Porém, o que diz a consigna NÃO VAI TER COPA? Qual pauta ela traz? Qual a motivação para que as massas lutem por ela?

A realização da Copa no Brasil evidencia o uso do dinheiro público para interesses privados, mostra todo o aparato do Estado trabalhando contra o povo para garantir a realização de um evento que só vai privilegiar a burguesia.

Todos os ataques que estão ocorrendo por conta da Copa do Mundo devem ser denunciados e combatidos, as desapropriações, as leis que visam qualificar qualquer manifestação como terrorismo e que preveem prisão de 15 a 30 anos para manifestantes, o dinheiro público desperdiçado, etc. Mas colocar no centro a luta para NÃO TER A COPA, é criar uma bandeira vazia e que não dialoga com as necessidades concretas da classe trabalhadora.

A realização desse evento esportivo deve ser utilizada para demonstrar todas as contradições, a podridão desse sistema e a submissão do governo. Mas o centro é a luta pelas reivindicações, aquelas que levaram milhões para as ruas em junho, por: Transporte, Saúde, Educação: Público, Gratuito e para Todos. Explicando que isso só será possível com o Não Pagamento da Dívida Pública. E que, para uma mudança duradoura e verdadeira, é preciso por fim ao sistema capitalista, expropriar as empresas e bancos, colocar a riqueza a serviço de toda a sociedade!

Participamos dos atos Contra a Copa, dialogando com a juventude radicalizada que ali está, explicando a necessidade de discutir e pautar direitos sociais, reivindicações concretas e nosso combate à repressão e ao capitalismo. É uma oportunidade para difundirmos a campanha “Público, Gratuito e para Todos: Transporte, Saúde, Educação! Abaixo a repressão!” junto à juventude, tornando a campanha mais visível e buscando utilizá-la para conquistar militantes para o programa revolucionário. Devemos, nesses atos, recolher assinaturas para o abaixo-assinado da campanha, pegar contatos, agregar a juventude por pautas concretas e que, de fato, dialoguem com os trabalhadores e as trabalhadoras.

A Copa será para poucos, para os ricos em sua maioria, e todos os outros continuarão sofrendo as mazelas diárias do capitalismo. Depois das dezenas de bilhões de dinheiro público gastos na Copa, nós ficaremos com o quê? Estádios? Quer dizer que continuaremos sem Transporte, Saúde e Educação e ainda com maior problema de moradia pelas desapropriações? Aceitaremos a repressão ditatorial organizada pelo governo a serviço da FIFA, dos grandes empresários, para que sejam garantidos seus lucros? A resposta é clara: NÃO! Essa é a discussão. Barrar os ataques, lutar por conquistas. Mas para isso precisamos ser claros nas reivindicações, nos métodos de luta e ganhar a classe trabalhadora para essa batalha.