Ato no consulado mexicano marca 1 ano do desaparecimento dos 43 de Ayotzinapa

No dia 25/09, dezenas de pessoas participaram do vibrante protesto na porta do consulado mexicano, no Rio de Janeiro, para lembrar do desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa, no México, há 1 ano atrás.

No dia 25/09, dezenas de pessoas participaram do vibrante protesto na porta do consulado mexicano, no Rio de Janeiro, para lembrar do desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa, no México, há 1 ano atrás. O ato se conectou à semana de protestos que se realizaram no México, EUA, Europa e também outras cidades do Brasil.

Participaram Esquerda Marxista, Unidade Classista, União da Juventude Comunista, Aldeia Maracanã, Asfoc de Luta (oposição sindical – Fiocruz) e a Marcha Patriótica – Capítulo Brasil (um grupo político da Colômbia) e demais militantes estudantis e do movimento sindical.

Passado 1 ano, o presidente Enrique Peña Nieto ainda não apresentou uma explicação satisfatória sobre os desaparecidos. As intervenções no ato no Rio de Janeiro revelam que a chama de Ayotzinapa segue acesa, servindo a valentia desses 43 jovens de estímulo para lutadoras e lutadores sociais de todo o mundo.

O companheiro Pará, da Aldeia Maracanã, prestou solidariedade aos movimentos sociais no México, país que, como no Brasil, tem a questão indígena como componente da luta contra o capital. Relatou a forte repressão, com prisões e torturas, que a Aldeia Maracanã e outros grupos indígenas sofreram nos últimos anos. Denunciou também a onda de discriminação social e racismo que atravessa o Rio de Janeiro em que pobres e negros agora são impedidos de acessar as praias da Zona Sul da cidade nos finais de semana.

Os companheiros do PCB resgataram o dia a dia dos trabalhadores e da juventude no México, que são constantemente reprimidos, simplesmente porque lutam pelos seus direitos. Violência e tirania como resposta àqueles que ousam desafiar os governos que transferem para o povo trabalhador a conta da crise do capitalismo, como feito recentemente no México através das reformas trabalhistas, energéticas e fiscais. Também denunciaram o Estado, em conluio com os monopólios, como responsável pelo desaparecimento dos 43 jovens e levaram uma calorosa mensagem de solidariedade a Federação de Jovens Comunista e ao Partido Comunista do México, que tem seus militantes constantemente encarcerados, desaparecidos e assassinados.

Os jovens companheiros colombianos da Marcha Patriótica relataram os múltiplos casos de chacinas e massacres que os paramilitares colombianos realizavam semanalmente com o interesse de desestabilizar o país, assim como também se faz ainda hoje na Venezuela para sufocar a revolução bolivariana. Advertiram que os agentes da militarização do Estado promovem grande repressão aos trabalhadores de forma crescente em toda a América Latina. E no México os paramilitares estão se associando às forças do narcotráfico para massacrar o povo mexicano.

Pela Esquerda Marxista, falou Flávio Reis. Lembrou que há 20 dias atrás, na primeira semana de setembro, também foram realizados atos nos consulados mexicanos de SP e RJ e duas delegações foram recebidas pelo Consul e Embaixadora, com integrantes da EM, PCB, Sindipetro, CUT-RJ, Insurgência. Eles denunciaram e exigiram respostas tanto sobre os 43 desaparecidos de Ayotzinapa, quanto a continuidade da repressão, como o episódio de 26 agosto na Cidade do México, quando mães dos desaparecidos e vários grupos militantes, entre eles La Izquierda Socialista, seção da Corrente Marxista Internacional no México, protestaram por 11 meses sem resposta do Estado sobre desaparecidos. Outro tema abordado pela EM foi a situação política no México hoje, que ficou evidente, após Ayotzinapa, que a classe trabalhadora e a juventude mexicana não aceitam mais viver como antes. O país atravessa uma grave crise e uma conjuntura de convulsão social marcada pela imensa abstenção nas eleições de junho, pela aparição de organismos de duplo poder em várias cidades que rejeitaram as eleições e elegeram seus governantes em assembleias. E outras cidades onde o povo se armou para ele próprio combater os criminosos e se defender da polícia corrupta.

O ato foi marcado por um espírito profundamente anticapitalista e internacionalista. E com a palavra de ordem “Vivos os levaram! Vivos os queremos!” a tragédia de Ayotzinapa foi lembrada nessa tarde no Rio como um marco da terrível realidade que o capitalismo impõe a todos os povos. O desaparecimento dos 43 é apenas uma parte mais visível da podridão desse sistema que não oferece futuro à juventude. Não esqueceremos Ayotzinapa, exigimos a reaparição dos estudantes com vida!