Assalto nos Correios. Mercado e corruptos lesam aposentadorias

O Conselho Deliberativo do Postalis, o Fundo de Pensão dos trabalhadores dos Correios controlado pela ECT, decidiu aumentar de 3,94% para 25,98% do valor do Benefício a “Contribuição Extraordinária” para todo um setor dos participantes do Postalis. Isto significa que uma enorme massa de trabalhadores, além do desconto normal de 9% para o PostalPrev, ainda terá esse “extra”, o que eleva o desconto mensal para 34,98% do benefício. O motivo noticiado: Perdas bilionárias dos Fundos no mercado.

O Conselho Deliberativo do Postalis, o Fundo de Pensão dos trabalhadores dos Correios controlado pela ECT, decidiu aumentar de 3,94% para 25,98% do valor do Benefício a “Contribuição Extraordinária” para todo um setor dos participantes do Postalis.

Isto significa que uma enorme massa de trabalhadores, além do desconto normal de 9% para o PostalPrev, ainda terá esse “extra”, o que eleva o desconto mensal para 34,98% do benefício. O motivo noticiado: Perdas bilionárias dos Fundos no mercado.

O jornal O Estado de SP já aponta que os culpados são os “políticos que o PT e PMDB nomearam para dirigir os Fundos e a corrupção”. Ou seja, a culpa é do PT e do PMDB. O que, se também é verdade, é só um pedacinho dela.

A questão central é que os Fundos de Pensão são mecanismos capitalistas de acumulação e são obrigados por lei a operar no mercado de capitais para alavancar negócios dos capitalistas e sustentar operações financeiras.

Os dirigentes do Fundo de Pensão Petrus, da Petrobras, explicam o motivo:

“a Petros explica que o surgimento do déficit no ano passado ocorreu por vários fatores, entre eles o mau desempenho da bolsa de valores e dos títulos de renda fixa, “o que afetou todo o segmento de previdência complementar”. (http://previlivre.com.br/estatais-provocam-50-do-deficit-dos-fundos/)

Ou seja, tudo depende, em última análise, do “mercado”.  Mas, o tal mercado é como um cassino cheio de ladrões e vigaristas. Os valores das ações da Vale e da Petrobras afundaram. Corrupção dirão alguns. Também. Mas, é evidente que a queda do preço internacional do ferro e do petróleo tem muito mais a ver com os prejuízos dos Fundos do que a corrupção.

O prejuízo dos Fundos de Pensão que investiram em petrolíferas nos EUA é de 500 bilhões de dólares no ano de 2014, quando o preço do petróleo despencou de uma média de 120 dólares para menos de 60 dólares o barril.

O preço da tonelada de minério de ferro caiu pela metade (de 140 dólares para 70 dólares) e há previsões de que deve chegar a menos de 50 dólares a tonelada este ano.

Por que desabaram os preços? Antes de tudo porque o capitalismo é o único sistema que a humanidade conhece que sofre de um mal de crescimento: produz muito mais que o sistema pode consumir. O excesso de produção leva à crise. A atual começou em 2008 e continua. Segundo alguns analistas burgueses mais otimistas esta crise vai durar entre 20 e 50 anos!

O resultado: falências, quebras, desemprego, etc. E a burguesia quer jogar toda esta conta nas costas dos trabalhadores. A corrupção, o roubo direto de patrimônio dos trabalhadores investidos em Fundos de Pensão é apenas mais uma faceta disso.

Uma enorme responsabilidade tem Lula, Dilma e os dirigentes do PT que aceitaram o jogo, mantiveram as regras estabelecidas que “dividem” o prejuízo dos fundos entre os participantes e patrocinadores (embora sejam os patrocinadores os responsáveis pela gerência) e que aprofundaram as Reformas na Previdência na lógica do capital. E colocaram os “seus homens” dirigindo os Fundos para continuar o jogo de expropriação do dinheiro dos trabalhadores pelos capitalistas.

Os trabalhadores podem mudar isso. Para isso é preciso revogar todas as Reformas da Previdência de FHC, Lula e Dilma. É preciso estatizar todos os Fundos de Pensão das estatais e de todo o serviço público federal, estadual e municipal. Constituindo assim uma Previdência Única, Pública e Universal, baseada na solidariedade entre gerações e não no atual método de poupança privada submetida ao mercado capitalista. Difícil?!

Mais difícil ainda é ter 25% de salário cortado por responsabilidade da apropriação indébita que os capitalistas fazem da Previdência dos trabalhadores com esse método fraudulento de investimento privado dos Fundos de Pensão. Mais duro ainda é trabalhar a vida toda e na hora de se aposentar escutar um engravatado dizer que “o mercado está mal e seu Fundo quebrou”, como já aconteceu na Inglaterra e nos EUA.

Só a luta pela Previdência pública e solidária pode impedir isso. E isso só se conquista com mobilização e organização contra o capital e seus governantes de plantão. E não apostando só em ações judiciais como está fazendo a direção da Fentect. É preciso superar a divisão e mobilizar!