As consequências da coalizão com a burguesia

Editorial da edição nº 19 do Jornal Luta de Classes.

O Banco Mundial admitiu que a economia mundial irá diminuir ao invés de crescer. Empurraram a crise com a barriga. Agora não tem mais jeito!

Como um vírus os efeitos da crise do capitalismo estão se espalhando pelo Brasil. O sintoma mais grave se manifesta através das demissões, lay-offs, redução de jornada com redução de salários, etc. Em vários ramos da indústria podemos ver desde grandes multinacionais até pequenas empresas com propostas de cortes ou redução de salários.

A Embraer (privatizada em 1994) decidiu demitir 20% dos seus funcionários – mais de 4.200 trabalhadores. Lula se disse indignado, mas quando a Embraer disse “vamos demitir e ponto”, Lula baixou a cabeça!

Com as 4.200 demissões na Embraer está aberta a porteira para as demissões em massa. Os patrões se sentem encorajados, pois sabem que o Governo nada fará contra eles.

Mas, a verdade é que a Embraer está entre as 10 empresas que mais contribuíram com a candidatura de Lula em 2006, doando 1 milhão e 300 mil reais para a campanha. Por isso que nós, da Esquerda Marxista, sempre fomos contra aceitar dinheiro dos patrões. Quem paga a banda escolhe a música, por isso quem deve financiar as campanhas do PT deve ser a classe trabalhadora!

Coerentes, sempre dissemos que o PT não deve fazer alianças com os partidos dos patrões! É por isso que hoje está no centro da nossa tese ao PED e 4º Congresso do PT a exigência da ruptura do Governo Lula com a burguesia.

Hoje está mais claro que nunca: quando é preciso que o governo enfrente os patrões, ele se vê obrigado a agradecer a ajuda ($$$) que estes empresários deram na campanha eleitoral de 2006!

A única saída é a organização e mobilização da classe operária! Só os trabalhadores em luta, fazendo greve, ocupando as fábricas, tomando as ruas, poderão conquistar suas reivindicações. Não será um gesto de boa vontade de Lula, mas a força da classe trabalhadora que poderá romper este pacto de conciliação de classes.

No mundo todo a classe operária começa a demonstrar sua força. Em janeiro, vimos a greve geral na França contra a crise. Fábricas foram ocupadas na Indonésia, Ucrânia, Irlanda, Escócia. No fim do ano passado até em Chicago – nos Estados Unidos – houve ocupação de fábrica. Em fevereiro, importantes greves na Inglaterra. E no Brasil não pode ser diferente. A alta popularidade de Lula revela que os trabalhadores confiam no presidente e esperam um sinal de Lula, mas isso não vai durar pra sempre. Com o aumento dos ataques contra a classe e a omissão de Lula, os trabalhadores passarão à ofensiva. E é disso que os patrões têm medo!

Por isso começam a articular com as centrais pelegas acordos de redução de jornada com redução de salários, lay-offs. Eles gostariam de demitir milhões de uma vez só, mas têm medo da resposta dos trabalhadores.

Na Venezuela, onde um processo revolucionário já dura mais de 10 anos, Chávez expropriou a Cargill. Lá os trabalhadores tomaram a Mitsubishi (montadora de automóveis) contra as demissões de 135 terceirizados.

Só a defesa de nossas conquistas, em primeiro lugar do emprego, pode abrir uma saída do ponto de vista da classe trabalhadora para esta crise avançando para o socialismo. É por isso que convidamos os trabalhadores e jovens no Brasil a apoiar a tese no PT “Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!”, organizar as delegações da Esquerda Marxista nos congressos da CUT, UNE e UBES e ao 2º Encontro Latino-Americano de Fábricas Recuperadas pelos Trabalhadores, em Caracas, na Venezuela.

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