As alianças eleitorais e os vices problemáticos

A maior parte das notícias sobre Bolsonaro nas eleições, na última semana, foram seus problemas em arrumar um vice. Quatro recusas, para ser vice do candidato que, sem Lula, lidera as pesquisas eleitorais.

O candidato preferido da burguesia, Alckmim, não fica atrás. Assim que fechou uma aliança com o condomínio de partidos e legendas de aluguel formados por Eduardo Cunha, conhecido por Centrão, tudo parecia correr a 100%, sendo que seu vice seria um empresário de Minas filho do antigo vice de Lula, José Alencar. O problema é que o empresário desistiu.

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O PDT também tem dificuldades e não conseguiu aliar-se com o Centrão e seus preciosos minutos eleitorais. Aí Ciro Gomes e Bolsonaro se comportaram de forma semelhante: desdenharam o Centrão depois que este os deixou. Ciro aposta em tentar um vice do PSB que ficou com Lula, até porque é do PT a única candidata que ameaça o domínio do PSB em Pernambuco.

A verdade é que o posto de vice serviu no governo Lula para demonstrar que o presidente tinha um acordo com a burguesia. Depois, com Dilma, serviu para os acordos que permitiam maioria no Congresso (com o PMDB de vice) até que, neste último caso, o vice resolveu que seria melhor presidente que a titular e deu no que deu.

Mas se a dança dos vices tem o prazo de até 15 de agosto para terminar, data de registro das candidaturas, a maioria do povo nem olha ou vê como uma novela de enredo ruim que não merece atenção. Afinal, os jornais martelam que é preciso reformar a previdência, que é preciso aumentar a idade da aposentadoria e o desemprego continua tão alto como antes.

Contudo, a qualidade do emprego piorou e, ao contrário do que diziam os defensores da Reforma Trabalhista, depois desta caiu o emprego com carteira assinada, subiu o número dos que trabalham “por conta própria”– aí englobados os camelôs e empregadas domésticas. O que aumentou foram os que nem mais procuram emprego, chegando à cifra de 65 milhões. E se esses candidatos defendem essa Reforma Trabalhista e uma reforma da previdência pra transferir o dinheiro dos trabalhadores para os bancos, é previsível que a maioria não queira votar em nenhum deles.

Se 60% da população não quer escolher ninguém, o PT segue em marcha batida na linha Lula livre, eleição sem Lula é fraude. Ciro, que fala mais do que devia, anuncia um acordo dizendo que é o único que se dispõe a anistiar Lula caso vença as eleições. Foi com muita sede ao pote e pode perder o apoio que lhe falta na reta final. Porém, o PT tem um programa a oferecer e ele é estranhamente parecido como o programa praticado por… Temer! Afinal, eles querem que prevaleça nas relações de trabalho o negociado acima do legislado, jogando no lixo mais de 80 anos de conquistas na legislação trabalhista.

Na previdência, o PT volta à velha cantilena de combater os privilégios, o que leva no final a ataques aos aposentados e aos servidores, ao invés de atacar os verdadeiros privilegiados, banqueiros que sugam os fundos de previdência das estatais e os fundos públicos que deveriam financiar a previdência. Agora, o PT fechou o apoio ao PSB, ainda que a neta de Arraes, que seria candidata a governadora em Pernambuco, resista, e o ex-candidato do PSB em Minas proteste.

E Boulos? Cadê o Boulos? Boulos desaparece quando mais o PSOL poderia significar uma alternativa. Se ele não tem problemas de vice, o PSOL continua sem defender o socialismo quando no mundo inteiro se nota que a economia capitalista faz água e que somente os trabalhadores saem perdendo com as reformas previdenciárias e trabalhistas que percorrem o globo, orientadas pelo Banco Mundial.

A Esquerda Marxista apresenta seus candidatos para explicar que é contra o sistema e por uma revolução socialista. Junte-se a nós nesta luta!

Editorial do jornal Foice&Martelo 121, de 3 de agosto de 2018. Confira a edição atual aqui.