Após a primeira vitória, frente única operária em defesa das organizações

No final da tarde do dia 19, depois de serem realizadas manifestações gigantescas em várias capitais do país e em tantas outras cidades, o prefeito de São Paulo anunciou junto com o Governador do Estado, Geraldo Alckmin que as tarifas de metrô e ônibus voltam a ser R$ 3,00. Em Minas o governo estuda de também reduzir a tarifa, no Rio também foi reduzida e em Recife, mesmo antes das manifestações tomarem as ruas, a tarifa já havia sido reduzida. Prefeitos do interior começam a anunciar a redução, após São Paulo e Rio. É uma vitória que repercute no país inteiro.

No final da tarde do dia 19, depois de serem realizadas manifestações gigantescas em várias capitais do país e em tantas outras cidades, o prefeito de São Paulo anunciou junto com o Governador do Estado, Geraldo Alckmin que as tarifas de metrô e ônibus voltam a ser R$ 3,00. Em Minas o governo estuda de também reduzir a tarifa, no Rio também foi reduzida e em Recife, mesmo antes das manifestações tomarem as ruas, a tarifa já havia sido reduzida. Prefeitos do interior começam a anunciar a redução, após São Paulo e Rio. É uma vitória que repercute no país inteiro.

No dia 20 mais de um milhão de pessoas saem às ruas comemorando e reivindicando. Mas a manifestação é agora dividida. Bandos fascistas, provavelmente organizados por policiais infiltrados atuam na maioria das manifestações. Faixas pedindo a intervenção dos militares, a redução da maioridade penal, a proibição do aborto, contra a PEC 37 e em favor de Joaquim Barbosa para Presidente são erguidas.

A polícia infiltrada no movimento, associada e coordenando grupos de skinheads e outros provocadores de direita, ataca e instiga os manifestantes contra todos os que estão de vermelho. Indiscriminadamente, PT, CUT, MST, MPL, PCdoB, PSOL, PSTU, PCO, PC, PCR…todos são atacados. Suas bandeiras foram arrancadas ou foram obrigados a baixá-las. Logo depois das provocações fascistas, no Rio e em Brasília, a brutalidade policial varre as ruas. Os manifestantes são empurrados em direção ao Itamarati onde o bando de provocadores já estava quebrando vidraças, levando a que muitos manifestantes fossem espancados. Militantes são internados com ferimentos de balas de borracha e gás lacrimogênio.

No Rio, a brutalidade policial cerca o IFCS e a sede do SINDSPREV. Mais de 200 estudantes e sindicalistas são presos e tem que sair de madrugada escoltados por advogados, cenas que não se viam desde a ditadura militar. Bombas de gás lacrimogênio são jogadas no Circo Voador (tradicional casa de shows do Rio, na Lapa, que apresenta artistas populares) e inclusive em um hospital que atendia manifestantes!

Em São Paulo, no dia 20, o PT chamou para realizar uma onda vermelha na Avenida Paulista, mas ocorreu uma marolinha que foi engolfada e expulsa da manifestação depois de resistir bravamente aos provocadores. Poucos petistas estiveram presentes e a direção, tão zelosa em fazer declarações e declarações, abandonou-os à sua própria sorte.

Na Bahia e no Rio Grande do Sul também são vistas cenas de agressão aos manifestantes. Em particular na Bahia, cumpre-se a promessa de Aldo Rebelo (PCdoB) com a cumplicidade de Jaques Wagner (PT) – a Copa será realizada custe o que custar!

A situação do governo e do país

As manchetes do final da tarde do dia 19, anunciavam que o governo Dilma caiu 8 pontos nas pesquisas de opinião. A imprensa noticiava que o dólar atingiu R$ 2,21. A inflação segue subindo e o governo federal já anunciou novos cortes no Orçamento. O que nos dá com uma mão, voltando a tarifa ao preço anterior, retira em dobro com a inflação, em particular na alta dos preços dos produtos alimentícios. A educação e a saúde vão de mal a pior, os transportes continuam péssimos e ainda que com a redução, as tarifas no Brasil, comparadas com o salário, estão entre as mais altas do mundo.

Além disso, o povo não decidiu gastar quase trinta bilhões de reais na copa! O povo não decidiu gastar centenas de bilhões de reais com o pagamento de juros e “serviços” de uma dívida que monta a mais de dois trilhões de reais!

Essa maracutaia toda leva o governo a realizar cortes e mais cortes no Orçamento da União e sua maior fatia fica para pagar as dívidas, engordando os banqueiros e grandes empresários, transformando mais e mais a população trabalhadora e a juventude em pobres, enquanto um punhado de ricaços parasitas nada em dinheiro.

O que está por detrás dos aumentos nas tarifas é exatamente a politica econômica do governo e dos empresários que sangra nosso povo para quitar seus negócios com os imperialistas e grandes capitalistas

Municipalizar e estatizar os transportes públicos

Os empresários, os grandes empresários dos transportes, juntos com banqueiros e empresas da construção civil lideram as doações aos partidos políticos em suas campanhas eleitorais e depois cobram as faturas pela ajudinha dada. Uma mão lava a outra. Municípios como São Paulo, subsidiam as tarifas e para isso arrancam o dinheiro de nossos impostos. O governo federal isentou empresas e mais empresas do pagamento de impostos e certamente agora vai descarregar os valores das reduções das tarifas no lombo dos trabalhadores. Isso tem que parar de acontecer. As empresas de ônibus devem ser municipalizadas de tal modo que seja garantida a tarifa zero. O governo federal deve repassar verbas da união para subsidiar as empresas que passem a ser de fato públicas. Essa é a batalha que se abre para o movimento. Os metrôs, como empresas públicas devem ser federalizados juntamente com a reestatização e retomada de todo o transporte sobre trilhos do país. Chega de dar dinheiro aos capitalistas. O dinheiro do povo, os impostos pagos por ele devem ser distribuídos em benefício do próprio povo.

Como evoluíram as lutas nas ruas

Depois de mais de uma semana de repressão sobre toda e qualquer manifestação de rua, onde até portar vinagre virou “crime”, a burguesia e sua imprensa mudou o discurso e passou a “condenar” a PM “repressora”, se “esqueceu” convenientemente que ela obedecia e obedece as suas ordens e de seus governantes. Tentam agora cooptar parcelas do movimento para bandeiras nacionalistas e abstratas contra a corrupção. O cúmulo foi o prédio da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de SP) projetar em sua fachada na Av. Paulista, em plena manifestação a bandeira do Brasil. Querem tirar as bandeiras vermelhas para tingir tudo de verde e amarelo.

Virada brusca: prenuncio de mudanças

Trotsky, analisando a situação mundial na década de 30 do séc. XX, explicou que a principal característica da situação pré-revolucionária que se abria era que ocorriam mudanças bruscas no humor das massas e na situação entre as classes.

No Brasil começamos e verificar isso – do dia 10 de junho ao dia 15, todos eram pela “Lei e Ordem”, os “baderneiros” tinham que ser reprimidos. Uma semana se passou, a força da manifestação ameaçou ultrapassar a policia e todos giraram, “mudando suas opiniões”. A direção do PT, com José Dirceu à frente, exigiu que fossem abertas negociações com os manifestantes; o Ministro da Justiça se “esquecendo” que colocou a Polícia Federal à disposição do governador Alckmin (PSDB), depois passou a criticar a ação da PM em São Paulo, terminando no dia 19 com Alckmin e Haddad anunciando juntos a revogação do reajuste.

Sim, a situação está girando rapidamente, a força das manifestações e o medo que a burguesia tem do povo faz derreter, mesmo que momentaneamente, os corações empedernidos de seus governadores e ministros.  Lula agiu diretamente, exigindo que Haddad rebaixasse a passagem.

Mas “garantir a ordem” é tudo o que burguesia não conseguiu fazer neste momento.

O que fazer?

Nesta situação de viradas bruscas, a direita deu a sua resposta no dia 20 e parece disposta a continuar na linha de “moralizar tudo” como foi no golpe de 64. Transformaram a luta contra a PEC 37 (ver artigo) em sua “bandeira”. E fazem de tudo para dividir o movimento operário e popular. Mas, qual a resposta dos principais partidos e movimentos?

O MPL, arrasado com o uso de sua manifestações pela direita, suspende as manifestações. A direita mantem as convocações. Mas, ter medo da massa é uma resposta?

A direção do PT e da CUT parece “cordeirinhos”. Pedem que os cutistas e os petistas compareçam “pacificamente” às manifestações. No caso do PT isso chega a soar como provocação. Afinal, depois de Eduardo Cardoso declarar apoio da Polícia Federal para Alckmin, mandar a Força Federal para Minas ajudar a PM na repressão (150 soldados, uma ajuda simbólica e não real), dos governadores da Bahia (Jaques Wagner, PT), Brasília (Agnelo, PT) e Rio Grande do Sul (Tarso Genro, PT) mandarem a PM baixar o sarrafo nos manifestantes isso é quase um escândalo e torna-se fácil para a direita insuflar a massa contra o PT!

Os dirigentes do PT, após os acontecimentos, parecem barata tonta. José Dirceu volta a insistir que é necessário ouvir as vozes das ruas, mas o que dizem as vozes das ruas? Walter Pomar diz, corretamente, que precisamos estar nas ruas e estar organizados, inclusive com um serviço de ordem, para garantir nossas bandeiras. Correto, mas para pedir o que mesmo?

O problema é simples – Se a direção do PT não rompe com a burguesia, não se vai a lugar nenhum. Todas as declarações empalidecem frente à repressão que os próprios petistas, como Jaques Wagner e Agnelo comandam! A base do PT precisa dizer em voz alta e clara – Fora estes repressores do Partido!

Abandonar as ruas? Continuamos achando que a hora é de unidade de todos na defesa das reivindicações mais sentidas e da unidade da esquerda, de todos os partidos e organizações, para se autodefender contra a direita e a polícia, contra a repressão. Sem este mínimo, nenhum dos partidos, seja PT, PCO, PSTU, PSOL ou movimento social – MST, MPL, CUT, CONLUTAS conseguirá resistir aos ataques dos provocadores infiltrados no movimento. Reuniões entre partidos, assembleias e plenárias de sindicatos e centrais sindicais, reuniões das entidades estudantis, reuniões gerais unindo partidos, sindicatos e movimentos devem ser convocadas para discutirmos juntos como proceder e como nos defender. Todos tem o direito de fazer sua crítica – e todos nós temos que saber escutar e discutir entre nós. Mas temos que nos unirmos para fazer a direita recuar!

Abaixo a repressão! Liberdade para todos os presos políticos!

Unidade da esquerda em defesa das liberdades democráticas e das organizações operárias!

Não pagamento das dívidas externa e interna!

Municipalização e estatização dos transportes públicos: tarifa zero!

Verbas para a educação e para a saúde!

Luta pelo socialismo!

Viva a juventude e a luta pela revogação do aumento.

Viva a luta dos trabalhadores e da juventude em de todo o mundo!