Abril é mês da Revolução dos Cravos, em Portugal, pá! E se houvesse Facebook em 1974?

Em 1974 uma revolução começou em Portugal. Começou contra a ditadura mas logo se transformou numa verdadeira revolução proletária que quase tomou o poder num país do coração da Europa. Leia a extraordinária história.

Os portugueses celebram, e nós com eles, em 2014, o 40º aniversário da Revolução dos Cravos, que em 25 de abril de 1974 pôs fim à ditadura, que já durava quase 50 anos. Iniciada em 1926, desde 1933 se chamava oficialmente de Estado Novo (o mesmo nome que Getúlio Vargas adotaria para a sua ditadura, iniciada em 1937). O regime “salazarista” afundou Portugal nas trevas durante 50 anos, com 36 anos dirigido pelo próprio Salazar (1932-1968).

Na noite do dia 24 de abril, com a execução nas rádios da música “E depois do adeus”, bastante popular, começou o levante. Era a primeira senha escolhida pelo “Movimento das Forças Armadas”, formado em sua maioria por capitães, e jovens oficiais, que tinham combatido na guerra que Portugal travava para tentar impedir a independência de suas colônias na África. Esta senha avisava que as tropas revolucionárias deveriam ficar a postos nos quarteis. Conheça a música aqui.

Nos primeiros minutos do dia 25, o rádio deu a segunda senha, que determinava o início da ação: a canção “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, proibida pela ditadura por “fazer alusão ao comunismo”:

Chico Buarque fez a música “Tanto mar” para esta revolução. Em 1975 saiu com uma letra por causa da censura da ditadura militar brasileira. Em 1978, já com os ares que anunciavam as grandes greves do ABC e o surgimento do PT e da CUT nos anos seguintes, Chico fez outra letra constatando sua derrota, mas expressando o desejo de que ocorresse por aqui:

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Veja uma entrevista com Chico sobre a Revolução dos Cravos, belíssimas imagens e ouça a música. Ao final deste meu texto conheça a letra original.

Em 1974, não existia Facebook e nem web. Mas, a Revolução dos Cravos agora está no Facebook através de uma extraordinária iniciativa.  

O Teatro Maria Matos, de Lisboa, Portugal, convidou um escritor a inventar um personagem, criar uma página dele no Facebook e colocar nela o que este personagem teria postado durante o período da Revolução dos Cravos.

“Pedro Xavier” é o personagem e sua página conta o que viveu. O escritor terá sua identidade secreta até o desfecho para não focar em nada além do próprio Pedro Xavier. Vale a pena. Siga Pedro Xavier no Facebook.

Primeira versão de “Tanto Mar”(1975):

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim