A unidade e a organização secundaristas com o movimento de ocupações

A luta contra o governo Temer criou um laço entre os secundaristas. E isso precisa se expandir para todos aqueles que ficaram alheios às ocupações, para envolve- los, educá-los e incorporá- los aos futuros movimentos de resistência.

As medidas propostas pelo governo Michel Temer, como a PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio, foram as grandes impulsionadoras do movimento de ocupações no Paraná. O pacote de maldades de Temer explodiu a revolta e a indignação de muitos secundaristas no estado. Ao todo, mais de 800 colégios estaduais foram ocupados, o maior movimento de ocupações do país. Esse movimento foi impulsionado principalmente pelos estudantes mais politizados, mais organizados e dispostos, “a vanguarda secundarista”.

Apesar de em algumas escolas eles realizarem assembleias e em outras os grêmios tomarem atitude, em grande parte foi um grupo estudantil que entrou na escola, a ocupou, passou o tempo dentro da escola e impulsionou o movimento. Sempre que descolados das massas estudantis, esses grupos ficavam vulneráveis às pressões do governo, da mídia burguesa, do Judiciário, da polícia e até de grupos radicais de direita. Contudo, diante da sabotagem das direções estudantis oportunistas, o movimento teve dificuldades a mais para superar esse vanguardismo isolacionista.

Essa “radicalização” dos secundaristas surge em um momento de repressão dos governos, no qual muitas escolas, mesmo com diretores eleitos, não concedem voz aos alunos. Os estudantes não se sentem livres e o ambiente escolar é muitas vezes hostil. Diante da impossibilidade de discutir ou serem ouvidos, o movimento de ocupação foi uma forma de exigir diálogo. A tomada das instituições de ensino e a abertura do espaço com palestras, atividades culturais e oficinas foi uma grande experiência política para a juventude. Mesmo não conseguindo fazer o governo Temer recuar nem alastrar as ocupações pelo resto do país como queriam, os secundaristas tiveram uma grande vitória: a unidade e a organização estudantil.

A luta contra o governo Temer criou um laço entre os secundaristas. E isso precisa se expandir para todos aqueles que ficaram alheios às ocupações, para envolve- los, educá-los e incorporá- los aos futuros movimentos de resistência. Após as ocupações, os estudantes não podem aceitar a tutela do governo sobre o movimento estudantil.  Não deve haver professor, nem diretor, nem governador que dite como será a organização estudantil. Cada grêmio construído deve ser um ponto de organização e resistência.

Em Curitiba, os estudantes acabam de formar o Coletivo Autônomo de Organização Secundarista (Caos).  Esse movimento pretende ser um ponto de impulsão das lutas estudantis de forma independente.

A principal tarefa do Caos é chamar a unidade dos grêmios existentes e construir outros. O coletivo precisa ser um grande impulsionador das lutas estudantis, que se dirijam às massas estudantis, para envolve-las. Eles precisam combater as direções oportunistas da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), dirigida pela União da Juventude Socialista (UJS). Precisam tomar essa entidade para os estudantes de todo o Brasil.

Uma nova primavera secundarista só poderá ser vitoriosa e alcançar a derrubada dos inimigos da educação se tiver a máxima organização e unidade entre os secundaristas, entre a vanguarda que desponta, e as massas que precisam ser incorporadas ao movimento. É preciso que o movimento esteja pronto e o Caos pode desempenhar o papel de preparar os militantes e ativistas que irão organizar os grêmios e as escolas para as próximas mobilizações.