A tragédia palestina, Zé Dirceu e o governo Dilma

Enquanto o território palestino vai desaparecendo desde 1948 até nossos dias (como mostra o mapa ao lado onde o que resta está em verde), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, viaja ao Oriente Médio para dar apoio ao governo sionista de Israel e à clique corrupta de Mahmoud Abbas (Abu Mazen), presidente da chamada Autoridade Palestina.

Zé Dirceu anuncia em seu blog que este descalabro é algo muito positivo.

Enquanto o território palestino vai desaparecendo desde 1948 até nossos dias (como mostra o mapa ao lado onde o que resta está em verde), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, viaja ao Oriente Médio para dar apoio ao governo sionista de Israel e à clique corrupta de Mahmoud Abbas (Abu Mazen), presidente da chamada Autoridade Palestina.

Zé Dirceu anuncia em seu blog que este descalabro é algo muito positivo. Diz em seu blog: “Reveste-se de êxito o giro que o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, faz ao sensível e conflagrado Oriente Médio, especialmente a Israel (na semana passada) e à Palestina, onde ele estava ontem”. Zé Dirceu sintetiza a política da viagem: “Patriota acentuou que para o Brasil é fundamental a criação do Estado da Palestina, assim como a manutenção do Estado de Israel (criado em 1948, em Assembleia Geral da ONU, sob a presidência do brasileiro Oswaldo Aranha), de acordo com as fronteiras estabelecidas em 1967”. E de passagem diz que “Abbas lembrou haver cerca de 5 milhões  de refugiados palestinos  no mundo.” (Blog do Zé, 16/10/2012)

Em cerca de 10 linhas, Zé Dirceu:

1.      Apoia a existência de um Estado racista que se baseia na religião e no “sangue” transmitido pela mãe judia religiosa.

2.      Apoia a existência de um Estado “criado pela ONU” sobre a base da expulsão dos palestinos, a destruição de suas casas e lavouras.

3.      Apoia a criação de um Estado “de acordo com as fronteiras estabelecidas em 1967”, ou seja, estabelecido pelas armas de Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Isto significa eternizar o Estado no território tomado dos palestinos, em 1948, pela Assembleia Geral da ONU, presidida pelo sionista Oswaldo Aranha com apoio de Stálin e Roosevelt, que dirigiam o mundo no pós II Guerra. Um Estado Palestino encravado e com apenas 22% do território histórico.

4.      Faz uma vaga referência aos 5 milhões de refugiados apenas para “passar” a impressão de que eles voltariam à Palestina se se cria este Estado Palestino “autônomo e independente”, como diz Zé Dirceu em seu blog. Abandona a reivindicação histórica dos palestinos de “Direito de retorno para todos os refugiados aos seus lares, de onde foram expulsos em 1948” e depois. Por isso, muitos deles mantém até hoje as chaves de suas casas que foram destruídas por tanques de Israel. Milhões vivem ainda em acampamentos nos países próximos.

5.      Em poucas linhas, Zé Dirceu concentra a política do governo Lula/Dilma, que no fundamental se alinha com a política das potências imperialistas. Como podem ser vistas na ONU, as divergências são táticas e nunca impediram de todos se alinhassem atrás das decisões tomadas na Casa Branca enquadrando os sionistas mais violentos e os dirigentes mais corruptos da Palestina.

6.      Zé Dirceu “esquece” que o resultado de todos os “Planos” já assinados só trouxeram desgraças, menos territórios para os palestinos e avanço de Israel sobre toda a Palestina. Nenhuma solução para os palestinos, apenas perseguições, mortes e torturas permanentes, massacres e uma vida em Bantustões organizados pelos sionistas com o Muro que recorta a Palestina, divide cidades, separa famílias e destroça empregos.  

Zé Dirceu tenta com estas posições passar por “realista”, mas o resultado de todas as políticas “realistas” deste tipo tem sido regar de sangue e dor todo o território histórico da Palestina.

Para os socialistas, para os marxistas é impossível aceitar a existência de um Estado baseado na religião e na “raça”, como Israel. A cúpula sionista, mantida financeira e politicamente pelo imperialismo EUA, joga com o sofrimento dos judeus para manter a região em estado de semicaos, expulsando, matando palestinos, tomando suas casas e terras, a serviço da política imperialista e de seus próprios interesses de click burguesa local.

Não há outra solução duradoura e pacificadora da região que o estabelecimento de um Estado laico (separado de qualquer religião) e democrático (onde todos os cidadãos tenham direitos iguais, onde todas as liberdades democráticas estejam inscritas) em que possam viver em paz judeus, muçulmanos, cristãos sobre todo o território histórico da Palestina.

Isso implica na derrota das cúpulas sionistas e das cúpulas corruptas e pró-imperialistas palestinas. Só a luta de classes pode unir os trabalhadores e oprimidos no próprio Estado de Israel com as massas sofredoras palestinas e por abaixo o jogo em que os únicos perdedores reais são os explorados e oprimidos.

A classe trabalhadora palestina ou de Israel não tem nada a ver com a classe burguesa palestina ou sionista. Ela é internacional e por isso sua luta não tem fronteiras. A classe trabalhadora, os oprimidos e explorados, dentro de Israel e em toda Palestina, são os verdadeiros protagonistas de uma saída feliz para a situação.

A burguesia, em todo o mundo, há muito deixou de ser progressista. A burguesia imperialista e seus sócios menores locais, como o governo e partidos dominantes de Israel, ou a cúpula corrupta do Al-Fatah e os alucinados líderes religiosos do Hammas, são de fato “a reação em toda a linha”, para usar uma expressão de Lenin.

O caminho do futuro da Palestina passa pela revolução socialista na Palestina, e em toda a região. A cúpula sionista se alimenta e provoca, conscientemente, ódio contra os judeus. É assim que coesiona dentro de Israel e governo como uma ditadura. Os capitalistas antissemitas árabes e outros usam o sionismo para esconder que eles próprios nada têm a oferecer aos oprimidos e explorados e que, como os capitalistas sionistas, também vivem do sangue, suor e lágrimas de seu próprio povo.

Um longo caminho terá que ser percorrido até que os povos da região possam viver em paz. Judeus e árabes acumularam muito sofrimento, ódios e preconceitos criados, incentivados e alimentados pelas classes dominantes de Israel e dos regimes reacionários capitalistas e medievais da região. O futuro pode passar por uma federação socialista dos povos da região, ou por outros caminhos.

Mas, uma coisa é certa. Não há caminho com capitulação ante a política imperialista e seus interesses. Não há caminho defendendo a existência do Estado de Israel e a criação de um Estado Palestino fantoche ao seu lado. Não há caminho negando o direito de retorno dos refugiados. Não há caminho sem luta pelo socialismo e pela construção de uma verdadeira organização revolucionária marxista na região.

É o que vamos explicar no Fórum Social Mundial Palestina Livre, em Porto Alegre, de 28/11/2012 a 01/12/2012.