A juventude não precisa de drogas, mas sim de emprego, educação e lazer!

Em várias cidades do Brasil foram organizadas Marchas da Maconha. O movimento que organiza as manifestações afirma que seu principal objetivo é uma nova política para as drogas. Em seu manifesto intitulado: “Basta de Guerra: É hora de outra política de drogas para o Brasil”, eles afirmam que a luta contra o tráfico foi perdida. “Ganhou espaço e consistência que mostram cada vez mais a falência da política proibicionista em termos humanos, de segurança, de direitos, liberdades e saúde pública”.

Para eles o uso de drogas não torna o mundo melhor, “mas não deixamos de ver o evidente: a proibição do consumo de algumas delas torna o mundo muito pior”. Aí está o ponto que divergirmos.

As marchas foram autorizadas pelo Superior Tribunal Federal (STF) que afirmou que todos tem o direito à “liberdade de expressão”. Decisão interessante de um dos órgãos mais reacionário do país. Não somos contra as pessoas se manifestarem a favor das drogas, mas a decisão do STF nos deixa com um pé atrás sobre os reais interesses da “Justiça”. Proíbem-se as greves e perseguem-se os militantes dos movimentos sociais, mas garante as manifestações a favor da maconha…

Ao contrário do que afirmam o Movimento da Marcha da Maconha, nós, da Juventude Marxista, acreditamos que a liberação das drogas irá tornar o mundo pior.

Vivemos em uma sociedade capitalista, que está dividida entre exploradores e explorados. Os primeiros são os donos dos meios de produção, que produzem o que é necessário para vivermos em nossa sociedade. São os donos das fábricas e terras. Eles têm o domínio da sociedade e do estado capitalista. Do outro lado, estão os trabalhadores, que não possuem nada além de sua força de trabalho. Enquanto os capitalistas têm as forças armadas, os meios de comunicação e muito dinheiro a seu favor, os trabalhadores possuem apenas sua capacidade de organização. 

Essa capacidade, por mais simples que pareça, foi o que garantiu as conquistas de direitos dos trabalhadores em todo o mundo.  Foi o que levou os trabalhadores a derrotarem a burguesia em muitos países ou impedir que ela aumentasse a exploração.

A burguesia, como afirmam os manifestantes do movimento de ocupação de Wall Street é uma pequena minoria que se utiliza de todos os meios para manter suas condições de vida.

O exército é a forma mais simples de dominar, mas também a mais perigosa. Afinal reprimir por meio da força sempre pode gerar uma grande revolta na população que pode se voltar contra os burgueses e seus governos. E o exército é composto em sua maioria por jovens. A burguesia se utiliza dos meios de comunicação e da Justiça para fazer a sua propaganda em defesa do capital. Reprime os movimentos dos trabalhadores para por medo em todos, mas também se utiliza das drogas para afastar a juventude das lutas, mas também para prender e matar a juventude, criando um fabuloso e rico meio de enriquecimento com a produção e comercialização das drogas. 

Para nós, as drogas fazem parte do aparato de dominação da classe burguesa contra os trabalhadores. Liberar a maconha ou outras drogas para uso individual não diminuirá o consumo. Prender os dependentes químicos ou os usuários casuais das drogas, também não resolve nada. A liberação ou proibição atacam somente efeitos e não os problemas que não estão relacionados às drogas em si, mas ao motivo pelo qual as pessoas as utilizam, levando-as a um mecanismo de “fuga”.

O livro Admirável Mundo Novo do escritor inglês Aldous Huxley, trata exatamente sobre isso. Apesar de ser uma obra de ficção, exemplifica o motivo pelo qual as pessoas buscam as drogas.

Huxley constrói uma trama baseada em uma sociedade futura onde as pessoas seriam condicionadas desde o nascimento a gostar de suas vidas que são totalmente planejadas pelo governo. Ou seja, as pessoas nascem e são direcionadas a ser operários, a praticar determinados esportes e não se preocupar com nada além da rotina montada para elas. Caso uma pessoa tenha algum problema ou se sinta entediada, ela terá uma droga chamada soma. 

Diferente das drogas que conhecemos a soma não faz mal algum para a saúde. Seu único efeito é proporcionar momentos de “relaxamentos” e “fugas” aos seus usuários. Assim o governo mantém todos sobre seu controle.  As pessoas são condicionadas desde seu nascimento a gostarem de suas vidas, por mais inútil que elas sejam. Caso isso não funcione, elas se utilizam das drogas para ajudar a “relaxar” e não pensar em mudanças na sociedade.

Semelhantes a nossa realidade?

A verdade é que a juventude não precisa de drogas, mas de educação, saúde, esporte e de trabalho. A luta de classes é uma guerra encarniçada dos trabalhadores contra a burguesia. Assim como devemos combater o alcoolismo no movimento operário, combatemos as drogas na juventude e na classe operária.

Como já dissemos, acreditamos que facilitar o acesso às drogas não beneficiará em nada a juventude. Somos favoráveis a todas as medidas que fortaleçam a consciência da classe dos trabalhadores e da juventude, ou que eleve seu nível de vida.

A liberação do uso de mais drogas, além das já liberadas como o álcool, só beneficiará a burguesia, os bancos e os negócios sujos de empresários que mantém laços com o tráfico na lavagem de dinheiro.