A cada agressão, a cada ameaça, aumenta a nossa disposição de luta

Os valores ditatoriais e autoritários estão incrustados nas mentes de uma parcela da população, principalmente dos que são da classe dominante, e de vassalos que acreditam ser da classe dominante.

Os sintomas desta doença aparecem com frequência quando são enfrentados em qualquer terreno. Nestes casos os instintos mais primitivos e bárbaros saltam pela boca, e a língua bate de forma frenética.

O último presidente da ditadura militar João batista Figueiredo, em discurso que fez defendendo a abertura política disse: “É para abrir mesmo. E quem quiser que não abra, eu prendo. Arrebento”. Não tenha dúvidas. O leão perde os dentes, mas continua a rugir, mesmo que não assuste mais ninguém.

AMEAÇAS

Dia 8 de março foi um festival de ameaças que recebi, e também alguns amigos e familiares pelas redes sociais. Parece que foi um “negócio” muito bem orquestrado, por quem tem experiência em “plantar” o terror. Fui ameaçado de ser atingido por arma de fogo, faca, acusado de crime, ofendido em minha honra, meus filhos e filhas também sendo ameaçados.

Ao contrário do que bradava o ex-presidente João Figueiredo, agora os repressores patológicos gritam : eu ameaço mesmo, ofendo mesmo, e processo.

Como a situação ganhou contornos mais graves, adotamos as mediadas legais, e também outras para garantir a segurança pessoal e de membros da família. Afinal de contas, a elevação dos sentimentos de ódio, aumenta também o tom das bestas que colocam a cabeça para fora do pântano apodrecido.

Estes covardes, pela longa experiência adquiridas nas salas de torturas do regime militar, sistematizadas em manuais que continuam vigendo até hoje, são especialistas em atacar e agredir indefesos, como filhos, mulheres. Não nos calarão. Continuaremos nosso combate como afirmei diversas vezes: a luta da classe trabalhadora e da juventude, não se resume aos embates travados no parlamento.

Durante os 8 anos que exercemos o mandato de vereador em Bauru/SP, afirmamos sempre, que: “o parlamentarismo é a forma ´democrática´ da dominação da burguesia, a qual se torna necessária, em dado momento de seu desenvolvimento, e constitui uma ficção de representação popular, exprimindo apenas na aparência a ´vontade do povo´ e não a das classes, mas constituindo, na realidade, nas mãos do capital dominante, um instrumento de coerção e de opressão”. (Resolução adotada no II Congresso da III Internacional, em 1920).

Terminada as eleições de outubro de3 2016, onde obtivemos 3332 votos, sendo o sexto candidato a vereador mais votado da cidade, e consequentemente o mandato no final do mesmo ano, os setores mais conservadores da cidade “acreditavam” que iríamos “abandonar a política”.

Oras bolas, se passamos os dois mandatos dizendo à classe trabalhadora e a população sobre a necessidade de se organizarem para combater por seus interesses e direitos enquanto classes, e de fora para dentro pressionarem os poderes do Estado, fui fazer exatamente o que sempre fiz em minha militância, contribuir e ajudar a classe trabalhadora e a juventude a se organizarem politicamente e a combater por seus direitos. Se a palavra convence, o exemplo arrasta.

Por estarmos participando de mobilizações importantes para a classe trabalhadora e para a juventude, como a luta conjunta com o Movimento Social de Luta (MSL) que tem em Bauru mais de 10 mil famílias acampadas em diversas áreas urbanas lutando por moradia. A luta vigorosa contra um projeto de lei que criminaliza a realização de festas, principalmente as manifestações e formas de lazer da juventude pobre e negra, a pretexto de se combater o tráfego e consumo de drogas. A abertura das Áreas de Proteção Ambiental (APAS) para facilitar o parcelamento do solo para a construção de residenciais de alto luxo, ampliando o processo de alta segregação espacial existente hoje na cidade. É que passamos a sofrer estes ataques de forma mais direta.

Se o objetivo destas ameaças em redes sociais, ofensas indiretas a familiares, e a amigos mais próximos é nos ameaçar, é nos calar, esqueçam senhores  generais, os coronéis, seus soldados e suas milícias. Vamos continuar a fazer o que sempre fizemos; combater e lutar em defesa dos interesses da classe trabalhadora e da juventude, e se isso passar por travar todos os combates necessários em questões de natureza municipal vamos fazê-lo. A minha pena não tem pena nem perdoa.

As pessoas autoritárias que sofrem da síndrome bolsonarista não cuidam da língua. Esquecem que ela é o chicote do corpo. Como são movidos por instintos violentos, latem suas impropriedades, e quando pegas no contra pé negam, se fazem de vítimas, ameaçam etc. O momento que estamos vivendo é grave. Estão emergindo vários monstros das lagoas, que normalmente chafurdavam em pântanos, e que agora resolveram se arrastar para atacar.

Combater por uma sociedade justa, fraterna, igualitária, socialista implica em enfrentar estas situações, estas pessoas e seus devaneios, e para isso estamos preparados e com as armas na mão. As armas da critica, dos sonhos, da força extraída da vigorosa luta da classe trabalhadora para destruir este sistema de exploração e construir uma sociedade nova, socialista.

* Roque Ferreira é dirigente Sindical Ferroviário e Presidente do PSOL – Bauru.