24/5: Brasília tomada pelas massas

Na quarta-feira (24/5), o eixo monumental de Brasília foi tomado por mais de 100 mil manifestantes. Temer tremeu. Em reação, preparou as forças repressivas do Estado que tentavam fazer o ato recuar. Quando os manifestantes aproximavam-se do Congresso, eram recebidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. 

A Esquerda Marxista esteve presente na marcha ao lado da organização de jovens Liberdade e Luta, com um animado bloco, cantando diferentes palavras de ordem: “Não me leve a mal, é Fora Temer e o Congresso Nacional!”, “Ai… ai, ai, ai… se empurrar o Temer cai!”. Quando a repressão policial avançava, os manifestantes gritavam “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar!”, a bateria da Liberdade e Luta também puxava “Tem… bala de borracha, choque, caveirão. Tem… bala de borracha, choque, caveirão. Mas resiste… resiste a luta contra a repressão! Resiste… resiste a luta contra a repressão!”. Com este ânimo o bloco seguiu do Estádio Mané Garrincha até os gramados em frente ao Congresso Nacional.

Os ministérios foram evacuados e, à tarde, Temer decretou a ação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Brasília, medida que permite o uso das tropas federais contra manifestantes. Esta lei foi vergonhosamente regulamentada pelo governo Dilma em 2013. Assim como a Lei Antiterrorismo, que abre portas para o aprofundamento da criminalização de movimentos sociais, sancionada por Dilma às vésperas do impeachment.

A repressão foi brutal. Para além das bombas de gás, cassetetes e balas de borracha, foram utilizadas armas com munição letal. Um manifestante segue internado em estado grave, atingido por tiro de pistola. Dois helicópteros faziam voos rasantes, espalhando o gás lacrimogêneo e jogando mais bombas do alto.

Ao mesmo tempo, vale ressaltar que a massa de manifestantes impôs recuos às tropas da polícia. Havia uma barreira policial destinada a revistar os ativistas e impedir a entrada de paus e canos de bandeiras e faixas na esplanada dos ministérios. Esta barreira foi derrubada e o ato seguiu em frente com faixas e bandeiras no alto.

Centrais, como a Força Sindical, davam o ato por encerrado já no começo dos confrontos, dissolvendo a participação de sua base no início da Esplanada dos Ministérios. Mas boa parte dos manifestantes seguiu em direção ao Congresso Nacional.

A imprensa se utilizou das imagens de atitudes dos adeptos da tática Black Bloc, com seus ataques individuais a edifícios públicos, pontos de ônibus e estabelecimentos comerciais. Nós nos opomos à tática Black Bloc, pois ela é prejudicial aos interesses coletivos da luta da classe trabalhadora e da juventude. Não ajuda a conscientizar e ganhar as massas para o combate, ao contrário, as afasta. O governo e a imprensa se aproveitam, utilizando essas ações minoritárias para tentar justificar a injustificável repressão policial à uma manifestação de massas. É obviamente um absurdo o aparato repressivo utilizado, os ferimentos causados, o pânico que buscam propagar entre os que querem se manifestar e lutar pelos seus direitos. É a repressão do Estado a serviço dos interesses do capital.

Nós levantamos alto nossas bandeiras de luta, pelo Fora Temer e o Congresso Nacional, contra as reformas que destroem a Previdência, os serviços públicos e os direitos trabalhistas, por um governo verdadeiramente dos trabalhadores.

Nosso bloco avançou até próximo ao Congresso. Distribuímos panfletos explicando as divisões na burguesia e a necessidade de ir além da palavra de ordem “Diretas Já” (ver a íntegra do panfleto abaixo).

Neste momento de absoluta desmoralização das instituições burguesas, é preciso apresentar a perspectiva de que todo este sistema podre deve ser varrido. Não é possível reformar ou limpar o capitalismo. De nada serve eleger um novo governo, que vai buscar maior legitimidade para seguir atacando os trabalhadores. A classe deve acreditar na sua força, na sua organização independente e por isso apresentamos a necessidade de batalhar nos sindicatos, nas organizações populares e na juventude por um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, aonde a voz e o voto da base possam ultrapassar as direções reformistas e decidir as formas de luta para colocar abaixo o governo, o Congresso e suas reformas.

A grandiosa marcha do dia 24 em Brasília foi mais uma demonstração da disposição de luta da classe trabalhadora e da juventude. Coloca mais pressão sobre o combalido governo Temer e também sobre as direções sindicais conciliadoras. A luta segue e avança. É preciso construir uma greve geral por tempo indeterminado para enterrar esse governo e seus ataques, abrindo caminho para uma nova sociedade. Esta é a nossa perspectiva e nosso combate!

Álbum completo de fotos tiradas por militantes da Liberdade e Luta na página do Facebook: veja aqui o álbum

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Panfleto da Esquerda Marxista distribuído na Marcha de 24/5 em Brasília

Fora Temer e o Congresso Nacional! Por um Governo dos Trabalhadores!

O governo Temer, débil desde o início, tenta se equilibrar, mas, de fato, está politicamente acabado. Uma ala da burguesia, alinhada com o imperialismo norte-americano e sua linha de “limpeza geral”, decidiu pôr fim ao governo antes que as massas realizem essa tarefa.

Com 9% de aprovação e enfrentando grandes manifestações populares que culminaram na vitoriosa Greve Geral de 28 de abril, o governo Temer já enfrentava dificuldades inclusive no Congresso Nacional para garantir os votos para aprovação da Reforma da Previdência. Tal situação levou uma fração da burguesia, mesmo contrariada, a dar mais um passo na via da “faxina geral” exigida pelo imperialismo.

A Lava Jato, como já explicamos, com seus abusos e as medidas totalitárias do judiciário que se arroga cada vez mais um papel bonapartista, tem a tarefa política central de varrer os políticos e partidos mais odiados pelas massas, buscando assim salvar as instituições burguesas da desmoralização completa e da ira popular. A Lava Jato é o produto da crise deste regime. O resultado global desta situação é a crescente e acelerada crise do regime da Nova República surgida do pacto da Constituinte de 1988.

A classe trabalhadora não pode estar a reboque dos planos de frações da burguesia. Agora é a hora das mobilizações e da greve geral até a retirada de todas as Reformas e o fim deste governo odiado. Esse é o caminho da vitória para nossa classe!

Lava Jato, Carne Fraca, as denúncias contra Temer e Aécio, nada tem a ver com o combate à corrupção, são partes da decisão política de setores da burguesia e do imperialismo de que este regime e este governo se tornaram insustentáveis. Por outro lado, este passo também aprofunda a instabilidade política.

Os capitalistas estão divididos. Faltam alternativas para o capítulo seguinte. Não há uma figura unificadora para substituir Temer capaz de estabilizar a situação. Isso tem causado fissuras na classe dominante, com setores que defendem a continuidade do governo Temer até 2018 como um mal menor. Além disso, um novo governo, oriundo de eleições indiretas, com voto secreto de um desmoralizado Congresso Nacional, não pode dar solução para a profunda crise política.

A própria burguesia pode adotar a saída de mudança constitucional para a convocação de eleições presidenciais já, buscando constituir um governo com maior legitimidade para dar seguimento às medidas de ataques. Setores da esquerda agitam a palavra de ordem de “Diretas Já”, quando, diante da brutal falência das instituições burguesas, deveriam estar explicando que só a auto-organização das massas poderá abrir uma saída positiva para a classe trabalhadora.

Enquanto o PT defende a convocação de “Diretas Já” apenas para presidente, a direção reformista da CUT propôs eleições diretas para presidente e para o Congresso Nacional, instalando uma Constituinte, com o óbvio objetivo de reformar o sistema e garantir sua sobrevivência. Mas, este regime, o capitalismo, não pode ser “limpado”, só pode ser abolido, se desejamos uma sociedade digna para a classe trabalhadora e para a juventude. Só o socialismo pode oferecer isso.

Mais do que nunca, é preciso seguir e ampliar a luta popular para pôr abaixo Temer, o Congresso e as Reformas da Previdência, Trabalhista, da Educação e a Terceirização. Isso é que pode mobilizar as massas.

A greve geral até a retirada de todas as Reformas e o fim do governo Temer é o caminho para a vitória. Mas, para isso é preciso que os trabalhadores tomem o controle de seu próprio movimento, ultrapassando as direções reformistas, conciliadoras e burocratizadas. Para isso é preciso uma batalha nos sindicatos, movimentos populares e nas organizações de juventude pela realização de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora onde a voz e o voto da base possam decidir pela Greve Geral para vencer.

A auto-organização dos trabalhadores e sua mobilização independente da burguesia, um Governo dos Trabalhadores e uma Assembleia Popular Nacional Constituinte, podem abrir o caminho para a revolução contra o sistema capitalista, suas instituições, seus partidos e seus lacaios.

Nenhuma conciliação, nenhum acordo!

Abaixo as Reformas da Previdência, Trabalhista, da Educação e a Terceirização!

Fora Temer e o Congresso Nacional!

Por um governo dos trabalhadores!

Por uma Assembleia Popular Nacional Constituinte!

Viva a luta pelo socialismo!

Esquerda Marxista

24/05/2017