15 de setembro de 1963: ato terrorista dos EUA contra seu próprio povo


Mário Conte

No dia 15 de setembro de 1963, há exatos 48 anos, uma dúzia de bananas de dinamite foram colocadas na Igreja Batista da 16th Street da cidade de Birmingham, estado de Alabama, EUA, em um atentado racista cometido por membros da organização terrorista de extrema direita Ku-Kux-Klan.

Ao saber do acontecimento, o músico John Coltrane compôs a música “Alabama”, apresentando-a com seu quarteto (Elvin Jones na bateria, McCoy Tynner ao piano e Jimmy Garrisson no contrabaixo). O vídeo abaixo postado foi realizado no mesmo ano de 1963, para o programa de TV “Jazz Casuals”.


A igreja que foi dinamitada ficou famosa por reunirem-se nela importantes e combativos militantes da luta pelos direitos civis, que se acirrou no início da década de 1960, nos EUA.

Quatro meninas negras (Cynthia Wesley, Carole Robertson e Addie Mae Collins, todas com catorze anos de idade, e Denise McNair, de 11 anos de idade) foram assassinadas nesse atentado que ainda feriu cerca de vinte pessoas.

Dos quatro autores do atentado, apenas um foi julgado, sendo condenado à prisão perpétua. Isso há apenas dez anos, no dia 1º de maio de 2001, 38 anos após o atentado! Seu nome Thomas Blanton, antigo membro da Ku-Kux-Klan.
A Ku-Kux-Klan foi uma associação fundada no ano de 1865 nos EUA, logo após a Guerra da Secessão (1861/65). Como um dos resultados dessa guerra civil foi a abolição da escravidão em todo o território dos EUA, um grupo de brancos racistas criou essa associação com o objetivo de impedir que os negros americanos pudessem se integrar à sociedade com direitos como o direito a voto e de aquisição de terras. A associação criminosa terrorista promovia passeatas e manifestações racistas, além de crimes, ao perseguir, linchar e assassinar covardemente os negros e seus descendentes. Também perseguiam judeus, católicos e latinos, e quem mais desafiasse a aristocracia branca sulista. Atentados incluíam incêndios a propriedades ou colheitas dos que se opusessem a suas políticas racistas. Ela ainda existe hoje e continua defendendo os mesmos princípios racistas de sua formação, embora contando com menor adesão.
Esse grupo terrorista chegou a 4 milhões de membros em 1920, vários deles em posições influentes, entre políticos, juízes e legisladores, além da burguesia e aristocracia rural sulista. Em estados como Texas, Oklahoma, Arkansas, Mississipi, Alabama, Geórgia, Flórida, Missouri, Louisiana, Carolinas do Norte e do Sul, aprovaram leis que asseguravam a segregação racial em locais como escolas, transporte e banheiros públicos, bebedouros, hotéis, restaurantes, etc.
No ano 1955, Rosa Parks recusou-se a ceder seu lugar no ônibus para um jovem branco. O ato de resgate da própria dignidade enquanto ser humano foi um exemplo que se espalhou feito um rastilho de pólvora, ganhando adesões e apoios, iniciando a luta pelos direitos civis nos E.U.A., que duraria mais treze anos antes de conquistar a isonomia na lei e o banimento das absurdas leis racistas de segregação.
Da mesma forma que a luta pelos direitos civis organizou setores progressista, a extrema direita racista jogou seu papel nefasto em atos como o atentado do dia 15 de setembro de 1963, que assassinou as quatro meninas negras.

Hoje o terrorismo capitalista nos EUA atinge diretamente o conjunto da classe trabalhadora e não apenas os negros e latinos, na verdade atravessou os mares e julga-se no direito de atuar em qualquer canto do mundo, esmaga o povo afegão e iraquiano, apóia o massacre no Líbano e certamente estará pela frente ou por detrás do que vier a ocorrer na Síria. Não necessita mais da velha Ku-Kux-Klan, tem seu poderoso exército e aliados. Mas não ousa quebrar as tradições, ela hiberna sossegadamente, pois pode a qualquer momento ser convocada para eventuais missões em seu território.