​Quem é militante e quem é militonto

Não costumo, mas hoje li um artigo de Breno Altman, que conheci refundando a UBES, em 1981, quando ele era militante, creio, do MR8. Agora é petista, mas seu espírito continua tomado.

O artigo explica quem é MILITONTO e quem é MILITANTE. Segundo ele, militonto é o apoiador acrítico do governo.

Já “O militante defende o governo contra a direita, mas busca ser um revolucionário …

Não costumo, mas hoje li um artigo de Breno Altman, que conheci refundando a UBES, em 1981, quando ele era militante, creio, do MR8. Agora é petista, mas seu espírito continua tomado.

O artigo explica quem é MILITONTO e quem é MILITANTE. Segundo ele, militonto é o apoiador acrítico do governo.

Já “O militante defende o governo contra a direita, mas busca ser um revolucionário, um lutador social, para quem governar é apenas parte, ainda que imprescindível, de um processo estratégico mais amplo, o da transformação do país“.

Quero acrescentar uma categoria a mais para militonto: todo aquele que acredita que se pode defender dentro dos movimentos sociais um governo que se elege com camisa vermelha e no mesmo dia, após os resultados, veste uma branca, aumenta os juros, anuncia cortes nas aposentadorias e no seguro desemprego, anuncia Joaquim Levy, Katia Abreu e Armando Monteiro nos ministérios chaves do país e declara por aí que as decisões são dela e não de seu partido, o PT.

Se houvesse, e não há, é tudo gritaria e cortina de fumaça, uma ameaça de golpe para derrubar o governo e implantar uma ditadura civil ou militar, então estaríamos nas ruas para defender o governo, incondicionalmente.

O problema seria encontrar o governo, pois a cada nova ameaça eles tentar resolver tudo com concessões, “alianças”, conchavos e indo mais à direita. Se recusam a lutar de fato.

Dezenas de vezes propus no Diretório Nacional do PT uma campanha pela anulação da sentença fraudulenta da AP 470, a farsa do mensalão.

Quem atacava a proposta? Ruy Falcão, Valter Pomar, Monica Valente, companheira de Delúbio, o inefável André Vargas, e outros do calibre. E Zé Dirceu? Sempre concordava comigo mas não abria a boca na reunião e depois votava com todos de que o que o PT estava fazendo estava muito bem.  Ou seja, nada de luta nas ruas.

E Lula? Silêncio sobre as barbaridades do STF. E reafirmou isso, que não ia se pronunciar sobre as decisões do STF, em pelo menos duas reuniões do Diretório Nacional e no Congresso do partido. Isso enquanto o STF dizia barbaridades sobre o próprio Lula. E largando seus companheiros na cadeia. Claro que com o coração partido, sentindo muito.

Mesmo assim, defenderíamos o governo contra fascistas e golpistas.

Agora defender o que faz o governo e sua composição orgânica é coisa de militonto.

Breno Altman é uma pena, pois tem alguma coisa dentro da cabeça. Infelizmente continua prisioneiro da política que o formou como militante e quadro: stalinismo do 4º período, stalinismo menchevique da teoria das Etapas (“agora vamos ajudar a desenvolver o capitalismo, um dia lutaremos pelo socialismo”), do apoio e aliança com a “burguesia democrática”, de “desenvolvimentismo” capitalista no quadro da dominação imperialista.

Da teoria das Etapas é de onde sai o tal “governo Democrático e Popular”, este engendro de colaboração de classes para sustentar o capital. Fracassada teoria, varrida diversas vezes pela história, negação do leninismo e das Teses de Abril em especial, nas mãos de Stálin tinha razão de ser, era seu instrumento internacional, usando os PCs, para realizar acordos com as burguesias e o imperialismo, para a política de “Coexistência pacífica”.

Hoje em dia, escutar estas teorias fraudulentas, na boca de militantes vira coisa de militonto, incapaz de compreender que é impossível, hoje em dia, um desenvolvimento capitalista que leve um país semicolonial como o Brasil ao nível dos países imperialistas. Um militonto incapaz de compreender que o mercado é mundial e já tem dono, só podendo as burguesias nativas dos países dominados, coexistir integradas e de forma subordinada no quadro da divisão internacional do trabalho definido pelos donos do mundo.

E que as burguesias nativas destes países dominados são tão democráticas quanto lhes seja necessário para manter o capital e a sua dominação. Quando se sentem ameaçadas reagem usando todos os meios, sem hesitar em apoiar o fascismo ou, como reagiram em 1964, apoiando o golpe e a ditadura militar. Só militontos acreditam que é possível desenvolver o capitalismo e na burguesia “patriótica, produtiva e nacional”. Esta não existe. O que existe é militonto de um lado, a classe trabalhadora e a juventude de outro.